A renda fixa volta a ser o centro das atenções para os investimentos em 2022. Depois de anos de redução da nossa taxa básica de juros, a Selic, o Banco Central se viu obrigado a voltar ao patamar de juros altos que o brasileiro estava acostumado. A meta para a taxa Selic, que saiu de 14,25% em 2016 para o menor patamar da sua história, 2% em agosto de 2020, está voltando aos 2 dígitos agora em 2022. A expectativa do mercado é que chegue ainda no primeiro semestre do ano a 11,75%, segundo o boletim Focus do Banco Central.
Com isso, a remuneração esperada para renda fixa volta a ficar muito atrativa para o investidor. Enquanto nos últimos anos, o investidor se viu tentado a investir na renda variável pelo baixo retorno que os ativos com menor risco estavam proporcionando, agora o cenário mudou drasticamente. Em 2019 por exemplo, quando as expectativas eram de queda na taxa de juros, a bolsa brasileira apresentou um excelente retorno de 31,38%. Entretanto, no ano passado, onde o movimento de oscilação de juros foi o oposto, ou seja, um forte movimento de alta da taxa, a bolsa brasileira performou no vermelho, entregando um retorno de -11,9%. Mesmo que atualmente as taxas da renda fixa estejam muito atrativas para o investidor, é de extrema importância saber identificar oportunidades de investimento para conseguir surfar essa onda e rentabilizar os seus investimentos da maneira correta.
Existem diversas categorias que servem como base para a remuneração na renda fixa. As três mais conhecidas são: Pós-fixado, pré-fixado e atrelada à inflação. A pós-fixado comumente oferece um retorno adicional ao CDI (taxa muito próxima a Selic formada no mercado interbancário), enquanto a pré-fixada já é uma taxa fechada estabelecida no momento da compra do investimento e a última também já é uma remuneração pré-fixada, mas que adiciona também a variação da inflação no período. Lembrando que a inflação é o aumento de preços de uma cesta de produtos da nossa economia.
Para investir nessas três categorias de investimentos, existem diversos produtos com benefícios diferentes para o investidor de renda fixa. Destacamos aqui os CDBs, que possuem proteção do fundo garantidor de crédito até o limite de R$250.000 por CPF e por instituição financeira. Eles são ideais para aqueles investidores que não possuem tanto recurso, mas que podem investir uma parte da sua poupança para o médio prazo, dado que esse tipo de ativo não possui a característica de poder resgatar o valor investido a qualquer momento. Além dele, os títulos públicos são muito atrativos pela segurança trazida ao ativo, dado que é o governo o emissor da dívida e que no limite, pode imprimir recursos para pagá-lo. Os títulos públicos já possuem uma liquidez maior no mercado, podendo ser resgatados a qualquer momento, mas o valor a ser resgatado pode variar um pouco de acordo com o momento de mercado, podendo inclusive obter prejuízos se resgatado em prazos muito distantes de seus vencimentos. E por fim, os ativos como Debêntures Incentivadas, CRIs e CRAs que possuem isenção de imposto de renda para o investidor pessoa física são excelentes opções para quem procurar uma remuneração um pouco acima da média. Nessas classes, é possível encontrar ativos que remuneram hoje a inflação (isenta de IR) adicionada a uma taxa de 6% a.a. pré-fixadas, e isentas. Olhando apenas os últimos doze meses, onde a nossa inflação ficou acima de 10%, estamos falando de um produto que entregou mais de 16% no ano sem precisar se preocupar com o leão.
Dentro dessas três formas de remuneração, uma boa estratégia é diversificar cada uma delas em prazos diferentes. manter no curto prazo os ativos pós-fixados. Isso porque esses ativos pós fixados irão acompanhar essa subida da taxa de juros que o mercado está prevendo. Com isso, o investidor fica protegido dessa oscilação de juros no curto prazo, além de garantir possivelmente uma remuneração mais alta que a poupança, por exemplo. Para o médio prazo, as taxas pré-fixados estão bem interessantes. Encontramos nas principais plataformas de investimentos taxas acima de 12% a.a., algo que não encontrávamos desde meados de 2018. Já para o longo prazo, preferimos os ativos indexados à inflação pela parcela de ganho real garantida para o investidor. Com isso, não importa o quanto o preço dos produtos que você está acostumado a comprar suba, os seus investimentos sempre irão lhe proporcionar um retorno acima disso. E sabemos bem que a inflação ainda é algo presente de maneira constante na vida dos brasileiros. É importante sempre destacar que esse tipo de estratégia não funciona para todos os investidores da mesma forma. Cada investidor possui características, necessidades e projetos diferentes. Alguns investidores não podem, por exemplo, ficar com recursos parados por muito tempo, então suas estratégias devam ser diferentes. Outros podem ter projetos já bem estabelecidos e as taxas pré-fixadas conseguem ajudá-los de maneira mais eficaz também. O mais importante é que cada investidor entenda qual é o seu perfil, sabendo suas disponibilidades, tolerância ao risco e suas necessidades. Nunca haverá uma única estratégia que funcione perfeitamente para todos.
Com tantas opções de produtos e indicadores, a máxima da diversificação também é válida para a renda fixa: a diversificação é o último almoço grátis. Não temos como prever, apenas do nome sugerir isso, qual será a rentabilidade futura dos investimentos. Mesmo uma taxa pré-fixada de 10% pode ser um péssimo investimento se a inflação do país for de 20%, por exemplo. Portanto, é de suma importância que o investidor busque indicadores diferentes, prazos diferentes e produtos diferentes para compor o seu portfólio, pois nunca sabemos o que será dos próximos anos. Uma coisa é certa: fazia um bom tempo que as taxas de retorno dos ativos de renda fixa não rentabilizavam tanto, e por isso, essa classe se torna uma das grandes oportunidades para 2022. Com cautela e sem colocar todos os ovos na mesma cesta, sem dúvida quem fizer o dever de casa e conseguir uma boa alocação nessa classe de ativos terá um retorno muito interessante nos próximos anos.
