Acontece nesta segunda-feira (23) o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o primeiro de forma presencial desde o início da pandemia em 2020. Durante o encontro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que a economia mundial enfrenta o “maior teste” desde a Segunda Guerra.
Para a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, “nós potencialmente enfrentamos uma confluência de calamidades”.
“Nossa habilidade de responder é dificultada por outra consequência da guerra na Ucrânia: o crescente risco de uma fragmentação geopolítica”, disse Georgieva. “Tensões no comércio, padrões de tecnologia e segurança vêm inflando por muitos anos, prejudicando o crescimento econômico e a confiança no atual sistema econômico global”.
Para ela, a fragmentação nos padrões de tecnologia, por exemplo, pode significar a perda de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) de diversos países.
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As declarações da diretora-gerente refletem um sentimento comum no mercado. Antes do mundo entrar em 2022, já existia uma grande preocupação quanto aos efeitos sintomáticos da pandemia de COVID-19. A inflação global já preocupava o mercado e decisões de políticas monetárias eram previstas.
O início da guerra na Ucrânia, porém, como disse Georgieva, “agravou” os efeitos sintomáticos da pandemia, trazendo intensas pressões no mercado energético global.
Nas primeiras semanas de invasão, o preço do barril de brent, do Mar do Norte, que estava abaixo de US$ 90 no início do ano, chegou a passar de US$ 135. O gás natural também sofreu fortes pressões, relacionadas também ao conflito geopolítico e o pacote de sanções impostas pelos países.
Hoje, 38% do total das importações energéticas europeias é da Rússia. A União Europeia (UE) possui extensos planos de troca das matrizes, mas o processo não deve ser tão rápido quanto ao banimento total do petróleo russo nos Estados Unidos.
Paralelamente à busca por novas matrizes, cresce o sentimento nos países de que chegou a hora de investir ainda mais pesado nas fontes renováveis.
“Alguns talvez usem a invasão da Rússia na Ucrânia como uma desculpa para mais ondas de investimentos em combustíveis fósseis. Isso fechará permanentemente a nossa porta para atingir nossas metas climáticas”, disse o chefe da International Energy Agency (IEA), Fatih Birol.
Além da guerra na Ucrânia, os problemas relacionados à cadeia de distribuição global devem prejudicar o desempenho econômico dos países, em especial o da China. No país asiático, o confinamento forçado em Xangai atingiu mais de 25 milhões de pessoas, enquanto o país ainda tenta levar a zero o número de novos casos de COVID-19 em sua capital Pequim.
Com um mercado preocupado e políticas monetárias nos EUA apertando para 0,50% de reajuste na última reunião, o sentimento foi diretamente refletido nas bolsas, que caíram rapidamente no último mês. Na sexta-feira (20), o S&P 500 passou de uma queda de 20% comparada com o último pico em janeiro, entrando no chamado Bear Market.
Bear Market, em termos básicos, significa quedas consistentes acima de 20% no mercado e um período mercado por baixo crescimento econômico nas grandes potências globais. A figura do urso, ao oposto do touro (Bull Market), reflete um sentimento de pessimismo com o mercado.
Nesta segunda-feira, porém, o índice tenta superar as quedas, subindo +1,75%, às 15h, para 3.969,70 pontos.