A China publicou seu Índice de Preços ao Consumidor (IPC) referente ao mês de março. A inflação do país subiu 1,5% na taxa anual do índice, uma aceleração ante ao crescimento de 0,9% na taxa anual de fevereiro, surpreendendo os economistas.
A inflação núcleo, que exclui a variação de preços no setor energético e alimentício, subiu 1,1% em março na taxa anual.
O índice ficou acima do esperado pelo mercado, que apostava em uma inflação de 1,2% em março. Os dados indicam que as pressões causadas pela política de Covid Zero do país, assim como a guerra na Ucrânia, já começam a gerar danos na economia.
O índice de Preços ao Produtor (IPP) também ficou acima do esperado em março, registrando crescimento de 8,3% na taxa anual. Mesmo assim, é uma desaceleração comparada com o crescimento anual de 8,8% do mês imediatamente anterior.
A resposta das bolsas do país foi em tom negativo. A bolsa de Xangai (SSEC) fechou em queda de –2,61% nesta segunda-feira (11), enquanto o CSI 300, de Shenzhen, teve queda de –3,09%.
No último mês, a China vem registrando recordes de novos casos de COVID-19 nas principais cidades do país, obrigando o governo a tomar medidas drásticas para conter o avanço do vírus. A política de Covid Zero atingiu em cheio grandes centros comerciais, como Shenzhen e Xangai, que entraram em lockdown total.
Como as medidas foram aplicadas com rapidez, a população de Xangai rapidamente passou a viver uma nova realidade. Em condomínios, por exemplo, moradores precisaram se agrupar em aplicativos como o WeChat (semelhante ao WhatsApp) para realizarem compras comunitárias em supermercados abertos, que são poucos.
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A rapidez na política também provocou uma onda de compras de alimentos nos principais centros comerciais, com uma população tentando se preparar para ficar 14 dias em confinamento. Essa onda também contribuiu para uma inflação acima do esperado em março.
As consequências do confinamento são sentidas diretamente no coração industrial e comercial do país. Os problemas na cadeia global de distribuição, por exemplo, devem se agravar devido à política de confinamento do governo.
Os efeitos econômicos relacionados à guerra na Ucrânia e política de Covid Zero devem marcar todo o primeiro semestre do ano na China. A partir do segundo semestre, porém, preocupações já começam a surgir sobre o agronegócio, que deve atrasar e aumentar os riscos de falta de insumos alimentícios no país.
Caso as pressões inflacionárias persistam, pode modificar a política monetária do Banco Central da China, que hoje aposta na diminuição das taxas de juros para estimular o crescimento econômico.