Nesta quarta-feira (08), o governo da Turquia afirmou que a criação de corredores marítimos que viabilizem a exportação de grãos da Ucrânia deve ser preparada em breve. Atualmente, as principais linhas usadas para transportes dos mesmos no Mar Negro estão bloqueadas pela Marinha da Rússia ou por minas.
Hoje, os ministros de Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, e da Rússia, Sergei Lavrov, se reuniram em Ancara para discutir o impacto da guerra no leste europeu na cadeia global. Sem a exportação de grãos da Ucrânia, a ‘cesta de pães da Europa’, uma grave crise alimentar pode estar se desenvolvendo no mundo.
Essa preocupação é endossada pelas mais recentes projeções do Banco Mundial, que diminuiu a expectativa de crescimento da economia global para 2,9% ontem (07). Segundo o presidente da organização, David Malpass, o Banco Mundial observou retrocesso em diversos indicadores desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia em fevereiro.
A Turquia se ofereceu para ajudar na escolta de comboios marítimos da Ucrânia para o exterior. O ministro da Agricultura da Turquia, Vahit Kirisci, indicou à imprensa turca que o país estaria fechando um acordo para compra dos grãos embargos com um desconto de 25% ante os preços praticados no mercado internacional.
Retirar esses cargueiros dos portos ucranianos não será uma tarefa fácil. Hoje, cerca de 20 milhões de toneladas de grãos – majoritariamente – estão estocados na Ucrânia aguardando o processo de exportação. A Rússia, no entanto, liberou acesso apenas aos portos sob controle da sua marinha, como é o caso de Mariupol e Berdyansk.
Moscou exige que as minas marítimas plantadas pela Ucrânia sejam retiradas para efetuar o desbloqueio do restante do Mar Negro. Kiev, por outro lado, tema que a retirada das minas abra caminho para um ataque marítimo da Rússia ao território ucraniano, que poderia comprometer ainda mais a situação do país.
O porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov afirmou ainda que o livre comércio só será possível com a revogação das sanções econômicas impostas à Rússia. Segundo ele, porém, não houve negociações concretas nesta direção.
Em uma conferência online, o diretor da Associação de Grãos Ucraniana (UGA) Serhiy Ivashchenko também questionou a viabilidade da operação de exportação em meio às minas colocadas no Mar Negro e a capacidade da Turquia de liderar uma operação desse tamanho.
“A Turquia como fiador é uma força insuficiente no Mar Negro para garantir a segurança da carga”, apontou. Segundo ele, o esforço de retirada das minas colocadas perto de portos da Ucrânia levaria pelo menos dois meses.