Nesta segunda-feira (28), o governo russo afirmou que não fornecerá gás natural para a Europa de forma gratuita. Com as sanções impostas ao país e a exclusão dos bancos russos do sistema SWIFT, empresas do país procuram maneiras de cobrar pelas exportações feitas para a zona do euro.
“Nós não vamos fornecer gás de graça, isso é certo”, afirmou o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov em uma videoconferência. “Na nossa situação, é praticamente impossível e adequado nos envolvermos em caridade”.
Na última quarta-feira, o presidente russo Vladimir Putin afirmou que a Rússia passará a vender gás para “países hostis” em rublos, moeda oficial do país. Até agora, as vendas para a União Europeia eram feitas em euro. Segundo Putin, a única mudança nas vendas será a moeda utilizada nas transações, o presidente russo afirmou que as vendas de gás continuarão “de acordo com volumes e preços fixados em contratos previamente celebrados”.
Na ocasião, o mandatário russo afirmou que o Kremlin e o banco central russo teriam uma semana para encontrar uma solução para atender à decisão. A Gazprom – maior empresa de gás natural do mundo – liquidou 58% das suas vendas para a Europa desde o dia 27 de janeiro em euro, 39% em dólar americano e 3% em libras esterlinas.
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Até o momento, no entanto, os ministros de energia dos países do G7 têm apresentado resistência a ideia de pagar em rublos pelo gás russo. Para o vice-chanceler e ministro de Finanças e Proteção Climática da Alemanha, Robert Habeck, as demandas russas ferem os contratos existentes de fornecimento de gás.
“Todos os ministros do G7 concordaram que esta é uma violação unilateral e clara dos contratos existentes”, apontou Habeck. Segundo ele, os contratos existentes devem ser respeitados e cumpridos pelas empresas russas. No entanto, “o pagamento em rublos é inaceitável, e pedimos que as empresas envolvidas não cumpram a demanda de Putin”, afirmou.
É esperado que o banco central russo e a Gazprom – responsável por 40% das importações de gás de toda a Europa, apresentam um plano para receber em rublos pelas vendas até a quinta-feira (31). Até o momento, não há relatos de interrupção do fornecimento de gás no Velho Continente e Gazprom assegurou que continuará atendendo as demandas dos consumidores europeus.