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Panorama econômico levou BCE a acelerar alta dos juros, aponta ata

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O Banco Central Europeu (BCE) publicou nesta quinta-feira (06) a ata da sua última reunião de política monetária, realizada entre os dias 7 e 8 de setembro. Na ocasião, a instituição decidiu pela elevação em 0,75 ponto percentual das taxas de juros na zona do euro. 

No documento, o BCE destaca que o panorama econômico da zona do euro havia mudado desde a reunião de política monetária anterior, realizada em julho. Para Isabel Schnabel, membro do Conselho do BCE, o afastamento parcial dos temores de uma recessão na região aumentou a pressão para que a instituição use os juros como ferramenta de controle da inflação. 

“Inicialmente, os temores de uma recessão dominaram os preços dos ativos globais e as condições financeiras amenizaram-se com a expectativa de que o ritmo dos aumentos das taxas de juros pelos bancos centrais em todo o mundo diminuiria, já que uma recessão era percebida como parte do trabalho de trazer a inflação de volta ao nível alvo”, aponta a ata do BCE. 

“No entanto, mais recentemente, o foco dos investidores mudou gradualmente para uma postura de política monetária mais restritiva, uma vez que os resultados da inflação continuaram acima do esperado”. 

O BCE destaca que o mercado de juros permanece em níveis “historicamente altos” como reflexo de um alto nível de incerteza do mercado sobre os rumos da política monetária das principais economias do mundo. 

No documento, a entidade afirma ainda que a normalização das taxas de juros deve seguir agora em um ritmo mais acelerado que o inicialmente projetado e que essa perspectiva de incertezas sobre os juros causou também uma interrupção no bom momento dos ativos de risco no mercado europeu. 

“A volatilidade nos mercados globais de taxas de juros e nos mercados de câmbio permaneceu elevada”, aponta o BCE. “A maior volatilidade nos mercados de taxas de juros foi impulsionada principalmente pela incerteza em torno do curso futuro da inflação e a mudança da política monetária para uma abordagem reunião a reunião, que aumentou a dependência de dados”. 

Segundo o documento, a expectativa é de uma desaceleração da atividade econômica do Velho Continente no último trimestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023. Os altos preços de energia impactaram diretamente o poder de compra da população da zona do euro, com gargalos na cadeia de suprimento e o cenário geopolítico corroborando com um cenário adverso para a atividade econômica. 

“A inflação permaneceu muito alta e provavelmente permanecerá acima da meta por um longo período. A alta dos preços da energia e dos alimentos, as pressões de demanda em alguns setores como resultado da reabertura da economia e os gargalos de oferta ainda estavam elevando a inflação”, aponta o documento. “As pressões sobre os preços continuaram a se fortalecer e se ampliar em toda a economia, e a inflação pode aumentar ainda mais no curto prazo”. 

O Conselho do BCE destaca que a pressão inflacionária na zona do euro é diferente da observada nos Estados Unidos, por exemplo. Segundo o documento, a inflação na zona do euro é o resultado de um avanço nos preços de importações, enquanto nos EUA a inflação tem sua origem no crescimento acelerado da demanda interna. A desvalorização do euro no mercado internacional, em especial ante o dólar americano, também está no radar do Conselho do BCE como um fator de pressão inflacionária. 

“No que se refere à avaliação da orientação da política monetária, os membros concordaram que é apropriado dar mais um passo no caminho da normalização da política monetária”, aponta o BCE. “A inflação estava muito alta e provavelmente permaneceria acima da meta do Conselho do BCE por um longo período”. 

A reunião do Conselho do BCE aconteceu entre os dias 7 e 8 de setembro, poucos dias após a confirmação de uma inflação de 9,1% em agosto na zona do euro. Desde então, a pressão inflacionária seguiu forte na região, com dados preliminares apontando o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) em 10% em setembro – mais uma máxima histórica.


Saiba mais 

Inflação na zona do euro chega aos 10% pela primeira vez na história


O BCE aponta que a inflação no Velho Continente segue acima do esperado nos últimos meses e considera “improvável” que as pressões inflacionárias na zona do euro se suavizem sem influência da instituição. 

“Embora a política monetária não pudesse evitar a primeira rodada de efeitos dos preços mais altos da energia e o impacto dos choques de oferta, sua principal responsabilidade era contrabalançar os riscos de efeitos de uma segunda rodada e evitar o desancoramento das expectativas de inflação” explica a ata do BCE. 

Com isso, o Conselho do BCE concordou que a elevação das principais taxas de juros da zona do euro em 0,75 ponto percentual era a resposta mais adequada para a inflação persistente. Alguns membros sugeriram uma elevação de 0,50 p.p. nas taxas de juros, alegando que o movimento seria o suficiente para sinalizar ao mercado o compromisso do BCE em normalizar as taxas de juros. 

Você pode conferir a ata do BCE na íntegra (em inglês) no site da instituição


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Guilherme Guerreiro

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