Diversos membros do Banco Central Europeu (BCE) discursaram nesta segunda-feira (17) sobre o cenário inflacionário global e da zona do euro. O risco de uma estagflação, alta inflação combinada com estagnação da atividade econômica, está maior do que antes.
Pela manhã, o presidente do Banco Central da Finlândia e dirigente do BCE Olli Rehn apontou que o cenário de instabilidades geopolíticas e econômicas se intensificou nos últimos meses na esteira do agravamento do conflito entre Rússia e Ucrânia no leste europeu.
Em uma postagem no blog da autoridade monetária finlandesa, Rehn apontou que a guerra está afetando o mundo todo e inoculando os países mais pobres. O presidente do BC finlandês disse ainda que as tensões geopolíticas foram o centro das discussões durante o encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizado na semana passada.
“Na maioria dos discursos, a guerra iniciada pela Rússia foi vista como a principal razão para a rápida deterioração das perspectivas econômicas”, apontou. “A retirada da Rússia da Ucrânia e o fim da guerra não seriam apenas o certo, mas também a política econômica mais eficaz para corrigir o cenário sombrio (causado pelo conflito). A Rússia não recebeu compreensão ou apoio de ninguém nas discussões”.
Com este cenário no radar, o caminho – segundo Rehn – é dar prioridade para trazer a inflação de volta para um patamar seguro e manter o poder de compra da população. “A política monetária deve ser apertada tanto quanto necessário. Isso tem custos, mas se a inflação não for controlada, só haverá medidas políticas mais dolorosas pela frente”, completa o presidente do BC finlandês.
Também hoje, o vice-presidente do BCE Luis de Guindos reconheceu que a autoridade financeira da zona do euro pode revisar suas previsões de crescimento da região para baixo no final de 2022 e não descartou a chance de haver uma recessão técnica na região. O dirigente aponta, no entanto, que a retração da economia europeia não deve ser profunda.
Lagarde alerta os otimistas
Os depoimentos de Olli Rehn e Luis de Guindos vem apenas 3 dias após a presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçar que a perspectiva para o momento na zona do euro é de alta dos juros. Na sexta (14), Lagarde fez um ‘alerta’ contra previsões otimistas a respeito da política monetária da região.
“Apesar dos ajustes recentes, os mercados financeiros ainda parecem estar precificando resultados que podem se provar muito otimistas. Isso torna as avaliações vulneráveis a uma série de possíveis surpresas negativas, seja de crescimento, inflação, política monetária ou lucratividade corporativa”, apontou Lagarde.
Na sua última reunião de política monetária, o BCE decidiu acelerar o ritmo do aperto monetário e elevou as três principais taxas de juros da região em 0,75 ponto percentual. Na ata do encontro, a autoridade monetária europeia reforçou que a política contracionista é motivada pelo compromisso de trazer a inflação na zona do euro de volta à meta de 2% no médio prazo.
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