O saldo de investimentos estrangeiros no Brasil não está sendo positivo em 2020. De acordo com dados divulgados pela B3, desde o primeiro pregão até o final do mês de setembro, a saída de estrangeiros já soma R$88,25 bilhões. Os principais motivos para esta retirada são, além da pandemia, o crescimento do risco fiscal, os desgastes políticos no governo e as questões ambientais do país.
A entrada e saída do capital estrangeiro oscilou bastante e registrou seu ápice no último dia 23, quando, no acumulado do ano, as retiradas chegaram a R$89,2 bi. Este cenário está relacionado com os desdobramentos ocasionados pela pandemia do coronavírus, que faz com que os investidores fiquem menos dispostos a injetar dinheiro fora do seu território, diante da instabilidade.
Outro fator que intensifica a retirada é a imagem conturbada que o Brasil está passando, com as crises ambientais pelas queimadas na Amazônia e pelos ruídos políticos. Combinado a isso, há um risco fiscal, que vem sofrendo degradações significativas e representa mais um motivo à cautela dos investidores de fora com relação ao país.
Ainda assim, de acordo com a avaliação do economista da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, a Bolsa brasileira tem bons fundamentos e atrativos baratos, por este motivo, ainda é uma opção interessante. “Nossos bancos são bem administrados”, pontua Bertotti.
O que também ameniza o saldo negativo de investimento estrangeiro é o aporte de recursos em operações no mercado primário: as ofertas iniciais – IPO e subsequentes – follow-ons de ações. Nessa modalidade, as transações de investidores do exterior chegaram aos R$16,36 bilhões em julho.