Após a forte tendência de empresas para abertura de seus capitais na Bolsa, o mercado observa um menor interesse das companhias em captar recursos no mercado de ações do Brasil. Cerca de 40 companhias ainda estão na espera do registro da Comissão de Valores Mobiliários para o IPO, entretanto, mais de 10 empresas brasileiras desistiram deste processo em 2020.
As condições do mercado possibilitaram que esse movimento “rumo à Bolsa” acontecesse. No momento, se paga múltiplos muito superiores à média de alguns meses atrás e os acionistas das empresas se encontram mais abertos à alternativas de capitalização.
Mesmo com esses bons indicadores, muitas empresas voltaram atrás na decisão de abrir o capital. Só no mês de outubro, quatro desistiram do IPO. Entre as companhias estão a Housi, plataforma digital de aluguel de imóveis, a Elfa, empresa de produtos de saúde, a Patrimar, construtora de imóveis e a 2W Energia, comercializadora de energia elétrica.
Outras empresas esperadas também não registraram interesse no IPO, mas em vez de desistirem, optaram pelo adiamento da abertura de capital, como a Caixa Seguridade, Havan, Cagece e Iguá Saneamento.
A Cosan, empresa do segmento de energia, que havia entrado com o pedido de abertura de capital no começo de setembro, voltou atrás, e alegou que o IPO deixou de valer a pena por causa do nível insatisfatório de demanda, que segundo a empresa, não garantiria uma boa negociação do papel.
O que pode explicar essa tendência de desistência é a forte competição entre empresas, que estão tentando abrir capital ao mesmo tempo. Isso acaba tornando o mercado não muito convidativo e a demanda necessária para atrair bons resultados às companhias acaba não acontecendo.
Para o Assessor da GX Investimentos, Norton Fabrizio, “estamos em um momento delicado em nossa economia, muitas incertezas e ao mesmo tempo muitas oportunidades”. Ele destaca que no IPO, o dono vende parte da sua empresa para investidores que acreditam na performance a longo prazo. “Este momento de indefinição acaba afetando o interesse e o preço da companhia, então é uma decisão lógica esperar um pouco até que as coisas fiquem mais claras para que esta venda se efetue no melhor preço aos olhos dos atuais donos”, completou.