De acordo com dados desta sexta-feira (18), às 15h10, o Dólar comercial está custando R$ 5,133 no mercado de câmbio, com queda de 0,65%. É o menor valor para a moeda desde julho do ano passado.
Com a queda de hoje, a moeda norte-americana caminha para a sua 6ª semana consecutiva de queda ante ao Real.
Atualmente, o cenário macroeconômico é impactado pelo desenvolvimento das tensões na Ucrânia, com os Estados Unidos e a OTAN acusando a Rússia de plantar ‘false flags’, pretextos que podem ser usados para justificar possíveis invasões armadas.
Nesta sexta-feira (18), rebeldes pró-Rússia promoveram uma retirada em massa de civis no leste ucraniano. Segundo eles, a evacuação acontece por temores quanto a possíveis avanços armados vindos da capital Kiev.
Ao mesmo tempo em que a paciência dos países parece se esgotar, muitos líderes ainda acreditam em saídas diplomáticas, podendo evitar um desastre humanitário no leste europeu.
Uma possível guerra na Ucrânia também significaria danos severos à economia, especialmente o comércio de petróleo e a distribuição de gás e energia para a Europa.
Esses fatores acabam favorecendo o Real ante ao Dólar nas últimas semanas, mas, segundo especialistas, mesmo se a moeda norte-americana se encontrar em níveis abaixo de R$ 5, ela não deve se sustentar.
Saiba mais
FMI: crescimento do Brasil deve ser próximo de zero em 2022
No Brasil, inúmeros fatores fiscais e desafios políticos ainda podem desfavorecer o valor do Real nos próximos meses. A eminência da aprovação de Projetos de Lei (PL) que cortam as alíquotas que incidem sobre os combustíveis devem representar mais gastos do governo. Além disso, o mercado observa o avanço da reforma tributária, que irá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na semana que vem.
A inflação, outro fator de preocupação do governo, segue alta, embora deva desacelerar nos próximos meses. Segundo o Boletim Focus, publicado semanalmente pelo Banco Central (BC), o IPCA deve terminar o ano em 5,60%, enquanto o Copom deve aumentar ainda mais a meta Selic nas próximas reuniões.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2022 também deve ficar aquém das expectativas do ano passado. Para o Boletim Focus, o crescimento econômico brasileiro deve ser de 0,30%.
Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), o crescimento brasileiro deve ser próximo de zero em 2022, ficando em 0,30%, o mesmo que o previsto pelo Focus.
Além dos problemas fiscais, as eleições presidenciais deste ano sempre são um fator gerador de volatilidade. É um ano marcado por mais gastos e tensões nos momentos finais da disputa, enquanto o mercado avalia o que um novo presidente, ou a manutenção do atual, pode significar para a economia.
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