Notícias

Entenda como a guerra na Ucrânia já afeta o seu bolso

4 Minutos de leitura

A guerra na Ucrânia completa 19 dias nesta segunda-feira (14), conflito que já balançou economias e encontros diplomáticos em todo o mundo. Inúmeras rodadas de encontros entre diplomatas russos e ucranianos estão acontecendo nas últimas semanas, mas sem um desfecho definido. 

O último mês foi marcado por rodadas intensas de reações e sanções de grandes economias, como os Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. Presidentes de várias economias concordam que o momento é de isolar a economia de Moscou do mundo. 

A União Europeia (UE) deu o primeiro passo quando baniu sete bancos russos do sistema SWIFT, que abriga mais de 11 mil instituições financeiras. Adicionalmente, para tentar evitar que a Rússia consiga se “blindar” dessas sanções, os países se juntaram para evitar que o Banco Central do país use suas enormes reservas no exterior, que somam US$ 630 bilhões no total. 

Recentemente, os Estados Unidos anunciaram que vão proibir as importações de petróleo e gás natural russos, limitando a capacidade do governo de Putin de ampliar sua influência no mercado de commodities. 

Hoje, 60% de toda a matriz energética importada para a Europa é da Rússia, na forma de petróleo e gás natural. A Ucrânia, por exemplo, é um importante “ponte” para os grandes gasodutos que saem do país russo. 

No meio de tantas sanções e reações do governo russo, a economia global já sente os impactos econômicos advindos da guerra no leste europeu, e isso inclui o Brasil. 


Saiba mais

4ª rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia acontece nesta segunda (14)


Gasolina mais cara 

Um dos efeitos mais imediatos de uma guerra no leste europeu está relacionado justamente à commodity mais importante do mundo: o petróleo. 

Na semana passada, a Petrobras anunciou um aumento de 18,8% nos preços do litro da gasolina que sai das refinarias da estatal. Para o diesel, o aumento é de 24,9%. 

A gasolina passará de R$ 3,25 para R$ 3,86, enquanto o diesel subirá de R$ 3,61 para R$ 4,51. 

Nos EUA, o mesmo efeito é sentido. Nas duas últimas semanas, o litro da gasolina disparou 22%. 

Atualmente, a política de preços da Petrobras usa o valor do barril de petróleo no mercado internacional como referência, que por sua vez é indexado ao Dólar. Com o agravamento do conflito no leste europeu, o barril de brent, do Mar do Norte, subiu de US$ 78 no início do ano para valores acima de US$ 100. 

O valor final que chega ao consumidor ainda leva em conta a carga tributária, como o ICMS, e os custos na distribuição. 

O resultado é sentido nos bolsos dos brasileiros. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre 6 e 12 de março, a gasolina subiu, na média, 1,6% nos postos de gasolina, enquanto o diesel subiu 3,7%. A média do litro da gasolina brasileira está, portanto, em R$ 6,683. 

O maior preço da gasolina foi encontrado no município de Eunápolis, na Bahia, registrando R$ 8,770 por litro. 

Alimentos 

Você sabia a Rússia e Ucrânia correspondem a 30% do mercado global de trigo? Não só isso, mas 17% do mercado de milho também parte dos dois países, assim como 32% da cevada. 

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), produtos relacionados ao trigo, por exemplo, vão encarecer nas próximas semanas. 

“A disparada da cotação do trigo começa a ser sentida pelos fabricantes nas negociações com os fornecedores, porém existe a entrega de farinha compromissadas em contratos antigos. O que se pode afirmar é que haverá reajustes de preços nas próximas semanas, mas, com o horizonte indefinido, já que a cada notícia da guerra, o preço do trigo no mercado internacional oscila para cima ou para baixo com valores expressivos”, diz a nota da Abimapi. 

É importante ressaltar que a escalada dos preços dos alimentos no mercado internacional afeta inclusive os países que não compram diretamente da Rússia ou Ucrânia. Hoje em dia, o Brasil compra trigo principalmente dos membros do Mercosul. 

Fertilizantes 

O Brasil possui uma certa dependência dos fertilizantes da Rússia. Atualmente, cerca de 80% do nosso consumo anual de fertilizantes é importado, sendo que 20% destes vem do país russo. 

Segundo Tereza Cristina, ministra da Agricultura, temos estoque o suficiente até o mês de outubro, e a pasta já busca outras fontes de importação. 

Neste sábado (12), a ministra viajou ao Canadá para trabalhar com a possibilidade da ampliação das importações de potássio. 

“A viagem é para conversar com canadenses para ver se conseguimos uma quantidade maior do que eles já nos mandam, para suprir esses possíveis gargalos de fornecimento que a gente possa vir a ter, devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia”, diz uma nota do Ministério da Agricultura. 

Alumínio 

A guerra também afeta as chamadas commodities metálicas, como o minério de ferro e o alumínio. A Rússia é o segundo maior produtor de alumínio do mundo, correspondendo a uma fatia de 11% no mercado internacional. 

O minério de ferro atingiu preços acima de US$ 150 por tonelada, enquanto o alumínio passou de US$ 3.741 por tonelada. 

A negociação do níquel, outra importante commodity metálica, foi suspensa na London Metal Exchange (LME) após disparar acima de US$ 100 mil por tonelada durante a sessão asiática. 

Caso a Rússia restrinja as exportações, da mesma forma que fez com os fertilizantes para uma série de países, os impactos poderão ser sentidos nos fluxos comerciais de curto prazo. Danos mais severos podem acontecer dentro de períodos de 2 meses caso uma possível suspensão não seja revogada. 

Juan Tasso - Smart Money

Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!

1857 posts

Sobre o autor
Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!
Conteúdos
Postagens relacionadas
Notícias

Setor de Serviços surpreende e cresce 0,9% em maio, acima das expectativas

1 Minutos de leitura
O volume de serviços no Brasil apresentou um crescimento surpreendente de 0,9% em maio, superando a previsão dos analistas de uma alta…
Destaques do diaNotícias

Relatório Focus: projeções para Inflação de 2023 e 2024 caem, enquanto expectativas para o PIB aumentam

1 Minutos de leitura
Em uma nova edição do Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, as projeções para a inflação brasileira de 2023 e 2024 foram…
Notícias

IBC-Br surpreende e cresce 0,56% em abril, superando expectativas do mercado

1 Minutos de leitura
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), apresentou um crescimento…