De acordo com uma pesquisa recente feita pelo Wall Street Journal com uma série de economistas, 28% deles acreditam que uma possível recessão pode atingir os Estados Unidos nos próximos 12 meses.
Essa preocupação não é por acaso e está crescendo entre os economistas. Segundo o chefe estrategista do Bank of America, Michael Hartnett, a combinação entre a alta dos preços e um Banco Central correndo atrás com a crescente nos juros pode significar um “choque na recessão” futuro.
Segundo um relatório do Deutsche Bank divulgado no início do mês, o aperto monetário pode levar o país à uma recessão:
“Não vemos mais o Fed conseguindo um pouso suave. Em vez disso, prevemos que um aperto mais agressivo da política monetária levará a economia a uma recessão”, diz o relatório do Deutsche Bank.
As preocupações do mercado acompanham uma economia que passa pelas maiores taxas inflacionárias desde 1982. De acordo com dados desta terça-feira (12) do U.S. Bureau of Labor Statistics, o IPC de março dos Estados Unidos subiu 1,2%, primeira taxa mensal acima de 1% desde julho de 2008.
Na taxa anual, a inflação norte-americana está em 8,5%, a maior em 40 anos. Em março, o mercado energético, que subiu 32% na taxa anual, é o grande destaque. Por conta da guerra na Ucrânia e os choques no mercado das commodities, a gasolina para o consumidor do país subiu 48% nos últimos 12 meses.
Para muitos analistas, os choques nas cadeias de distribuição globais causados pela guerra na Ucrânia e confinamentos forçados nos principais centros comerciais da China por conta a COVID-19 também podem contribuir para uma recessão.
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Para tentar lidar com a alta nos preços, o Federal Reserve (Fed) dos EUA adota uma postura chamada de hawkish, isto é, uma postura de política monetária que sobe os juros para tentar controlar as pressões inflacionárias. Recentemente, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) subiu em 0,25% a taxa variável do país, que estava praticamente zerada.
Segundo o Fed, mais seis ajustes devem acontecer nas taxas de juros em 2022, mas analistas preveem uma postura cada vez mais forte para controlar a alta nos preços. Para o presidente do Fed, Jerome Powell, a chance de uma recessão é “baixa”:
“A probabilidade de uma recessão no próximo ano não é particularmente elevada”, disse Powell em março. “Todos os sinais apontam para uma economia forte e que se desenvolverá no contexto de uma política monetária menos acomodatícia”.
Em termos técnicos, uma recessão econômica é classificada por duas quedas seguidas do Produto Interno Bruto (PIB) trimestral de um país. De acordo com previsões do Morgan Stanley, a economia norte-americana crescerá apenas 3% em 2022, mas mesmo este número é mais baixo que a previsão anterior, de 4,1%. A Conference Board, por outro lado, já aposta em um PIB de 1,7%.
Para analistas que acreditam na possibilidade de uma recessão nos EUA, o Fed agiu com um certo atraso para conter as pressões inflacionárias. Agora, as políticas monetárias do FOMC podem ganhar um caráter mais hawkish nos próximos meses, ou seja, mais apertadas para conter a alta dos preços, levando a possíveis quedas no crescimento econômico.
Foto: Reuters
