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A importância da dolarização da carteira de investimentos

3 Minutos de leitura

Faz sentido investir em Renda Fixa americana com o atual patamar da Selic no Brasil? Ao longo da última semana tivemos a “Super Quarta”, dia de decisão de política monetária do Banco Central no Brasil e do Federal Reserve, nos Estados Unidos.  

No Brasil, tivemos a manutenção dos juros no patamar de 13,75% e nos EUA, alta de 0,25 p.p. elevando os juros aos 4,75% a 5% ao ano. O patamar de juros altos, somado a um mercado de ações com alta volatilidade, faz com que a Renda Fixa no Brasil esteja cada vez mais atrativa para os investidores. Contudo, o juro é uma consequência da alta inflação, não exclusiva somente ao Brasil.  

A pandemia da Covid, que levou a paralisação da produção de diversos produtos e insumos, gerou problemas de distribuição a nível global, ocasionando no aumento de preços que se reflete hoje. Além disso, o conflito entre Rússia e Ucrânia iniciado em 2022 elevou o preço das commodities, o que desencadeou em uma crise energética, especialmente na Europa.  

Fatores como esses, levaram os EUA a apresentar uma inflação acumulada em 2022 de mais de 6,5%, a maior dos últimos 40 anos. As projeções indicam que o ciclo de alta de juros nos EUA encerre acima dos 5%, gerando oportunidade de investimentos com bons retornos e exposição ao dólar. 

Da mesma forma, temos hoje no Brasil, títulos de Renda Fixa que pagam taxas muito atrativas, acima dos 14%. Portanto, qual é o melhor investimento? Uma regra básica quando se trata de investimentos financeiros é a diversificação do portfólio. E diversificar o recurso em outras economias pode trazer ainda mais segurança no longo prazo, especialmente se tratando de um país com economia mais sólida, maior PIB e maior segurança fiscal, como é o caso da economia norte-americana. Considerando o risco político/fiscal que encontramos no Brasil, qualquer ruído que piore a situação do país levaria a uma elevação no dólar. Portanto ter a carteira com ativos internacionais e dolarizados é muito importante.  

Os títulos do tesouro americano, que assemelham-se com os nossos títulos públicos, são tidos hoje como os ativos mais seguros do mundo. Eles podem ser uma alternativa de investimento dolarizado com taxas atrativas. Além deles, títulos de crédito privado de grandes empresas são alternativas com retornos ainda maiores, porém, com maior risco do que os títulos soberanos. Eles são classificados em high yield quando entregam alta remuneração, mas possuem maior risco, e high grade quando o retorno é mais moderado, mas possuem baixo risco. Em geral, os títulos de RF no exterior são pré-fixados, mas também vemos opções pós-fixadas como no Brasil.  

Atualmente é possível criar conta em corretoras que lhe permitem operar ativos nos EUA sem a necessidade de envio dos recursos para uma conta no exterior. A XP possui essa opção dentro do próprio aplicativo da corretora, um conta internacional é aberta e o acesso fica unificado. Além disso, a B3 possui BDRs de ETFs do Tesouro dos EUA, onde é possível acessar na sua conta em uma corretora brasileira, bonds americanos de diferentes prazos.  

Somado a essas opções, fundos cambiais, fundos multimercados e a própria compra de ações de empresas brasileiras podem melhorar a diversificação da carteira e exposição ao dólar, uma vez que muitas companhias possuem receita dolarizada. Por exemplo, empresas exportadoras ou estrangeiras negociadas na bolsa brasileira. 

A alta do dólar afeta de forma direta todas as classes sociais, pois nosso custo de vida é, em partes, dolarizado. Hoje diversos produtos que consumimos são importados, negociados em dólar. Entre eles, alimentos, vestuário, eletrônicos, combustível, entre outros artigos que fazem parte da nossa rotina. Portanto, a proteção da perda do poder de compra e o hedge cambial podem andar lado a lado se escolhidos os investimentos adequados para a carteira.

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"
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