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Quer investir em renda fixa? Confira as principais vantagens e desvantagens 

4 Minutos de leitura

A renda fixa é uma das ‘queridinhas’ do investidor brasileiro. Isso não é por acaso, uma vez que o país historicamente tem uma das taxas de juros mais altas do mundo. 

Esse, inclusive, é o cenário que vivemos hoje por aqui. Depois de um período de mínima histórica, a Selic – taxa básica de juros da nossa economia – já foi elevada 10 vezes consecutivas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) desde março do ano passado. 

Atualmente, os juros estão em 12,75% ao ano e devem continuar em patamar elevado pelo menos até o final deste ano. Na próxima semana, entre terça (14) e quarta (15), o Copom realiza a sua próxima reunião e o mercado projeta mais um aumento na Selic. 

O Boletim Focus, relatório publicado pelo Banco Central feito com base nas projeções de mais de 100 instituições financeiras sobre os principais indicadores da economia brasileira, projeta os juros encerrando 2022 em 13,25% ao ano. Também de acordo com o último Focus, os juros encerrar 2023 em 9,75% ao ano. 

Esse contexto ajuda a explicar um pouco desse ‘favoritismo’ do investidor brasileiro com o mercado de renda fixa. Mas as vantagens – e desvantagens – deste mercado vão além das taxas de juros altas.

VANTAGENS 

Quando falamos em renda fixa, a primeira palavra que vem à mente de muitos é segurança, uma propriedade que se manifesta em ativos de renda fixa de diversas formas. 

Na renda fixa, o investidor não corre o risco de ver uma desvalorização nominal do seu investimento como pode acontecer na renda variável. Isto quer dizer que, se você investir R$ 100 e resgatar o seu investimento no prazo determinado, terá a segurança que esses R$ 100 não sofreram uma oscilação negativa. 

E essa segurança pode ser ainda maior em investimentos no Tesouro Direto, que possuem a ‘garantia soberana’, e ativos cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), como é o caso dos CDBs. 

Além de seguros, investimentos em renda fixa são muito procurados por sua previsibilidade. O mercado conta com ativos prefixados, pós-fixados e mistos e, independente da modalidade do título, todos compartilham de um fator em comum: o cálculo do rendimento é estabelecido antes da compra do título. 

Você pode comprar um título pós-fixado ou indexado à inflação e o mesmo pagar menos do que inicialmente esperado? Sim, mas ainda assim é muito mais fácil fazer uma estimativa dos ganhos no mercado de renda fixa do que na renda variável. Para isso, você pode usar como referência as projeções de profissionais especializados, que podem te ajudar a ter uma noção sobre possível trajetória dos indexadores ao longo do tempo de duração dos títulos. 

A liquidez também é um atrativo muito eficaz dos ativos de renda fixa. Diversas aplicações disponíveis no mercado hoje possuem resgate simplificado e imediato, com o saldo sendo creditado na sua conta em no máximo um dia útil. 

Por último, é importante pontuar que a renda fixa pode ter algumas vantagens tributárias quando comparada com o mercado de renda variável. A RF segue uma tabela regressiva de alíquota de Imposto de Renda, que pode chegar a 15%. Existem ainda ativos disponíveis no mercado – como LCAs, LCIs, CRAs e CRIs – que são isentos de tributação.

DESVANTAGENS 

O mundo dos investimentos se sustenta a partir de um ‘tripé’ de fundamentos: segurança, liquidez e rendimento. É muito difícil achar um investimento que pague altas taxas de retorno, sem que o investidor precise expor sua carteira a certo risco e que tenha o resgate imediato. 

É exatamente neste último fundamento, rentabilidade, que a renda fixa deixa a desejar quando comparada com a renda variável. Quanto menor o risco envolvido em um investimento, menor o prêmio pago para atrair investidores. 

Apesar de não correr o risco de uma desvalorização nominal dos ativos, o mercado de renda fixa não é isento de riscos. Em um cenário de inflação acelerada em juros mais modestos, como vimos no Brasil até o ano passado e estamos vendo acontecer nos Estados Unidos e na Europa hoje, os ativos de renda fixa ficam extremamente prejudicados. 

Isso porque, embora tenham um ganho nominal, muitas vezes alguns títulos mais conservadores não conseguem superar a alta da inflação. Um exemplo? Em 2020, o rendimento da caderneta de poupança aqui no Brasil foi de 3,69%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – inflação oficial do país – fechou o ano em 10,06%. 

A poupança não é referência em rendimentos, é verdade, mas o número não deixa de assustar. Se você deixou, por exemplo, R$ 1000 guardados na caderneta ao longo do ano, esse dinheiro se desvalorizou R$ 63,70 até o final de 2021. E esse cenário não é de hoje, 2021 foi o terceiro ano consecutivo em que os rendimentos da poupança não superaram a alta da inflação. 

A liquidez também pode ser um problema dependendo do ativo investido. Os rendimentos mais atrativos do mercado de renda fixa estão nos ativos de longo prazo, os mais difíceis de negociar caso você precise do dinheiro para alguma emergência. Para zerar a posição em algumas aplicações, muitas vezes é necessário ‘revender’ o ativo para outro investidor, uma operação que pode trazer prejuízos. 

Guilherme Guerreiro

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