O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (28) a ata da sua 253ª reunião, onde o mesmo decidiu pela manutenção da Selic em 13,75% ao ano.
Renovando as preocupações com o cenário fiscal brasileiro, a ata da reunião de março do comitê trouxe uma nova preocupação para o radar: a crise bancária nos Estados Unidos e na Europa. Para Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, o Copom foi conservador no documento de sua última reunião.
“É um comunicado conservador, destacando ainda uma grande preocupação com os fatores de riscos.”, aponta o especialista “Fala muito em deterioração, do cenário doméstico e também externo – com a questão da crise bancária que a gente vem acompanhando”.
A crise bancária nos países desenvolvidos, no entanto, não tirou a atenção do comitê quanto aos riscos domésticos. A indefinição sobre a nova regra fiscal no país ainda pesa e ganha lugar de destaque entre as preocupações do BC.
“O BC aponta ainda que um arcabouço fiscal sólido e crível vai contribuir pra um processo de desinflação e para ancorar as expectativas de inflação ao longo prazo. A ata destaca muito a questão fiscal e a incerteza que temos sobre o arcabouço”.
Na ata da reunião, realizada entre os dias 21 e 22 de março, o Copom se mostrou preocupado com os efeitos das políticas do Governo Federal sobre a inflação e a política monetária.
“Um ponto que já havia ganhado destaque em comunicados anteriores (do Copom) é uma preocupação com políticas expansionistas que vemos muito discutidas em alas do governo” explica Bertotti. “Há uma preocupação com isso e o quanto (estas políticas) podem impactar na neutralidade da taxa de juros”
Segundo o economista, políticas expansionistas podem comprometer o combate à inflação e causar até mesmo novos reajustes na Selic.
“Um aumento das políticas expansionistas causa um impacto na taxa de juros neutra e, por consequência, diminui a potência da política monetária adotada no combate à inflação. Isso pode colocar em xeque tudo que se fez nos últimos anos para conter essa inflação”.
Sobre o tom geral adotado pelo BC, o economista destaca que a autoridade monetária brasileira mantém um discurso alinhado com os comunicados de reuniões anteriores. Gustavo avalia que o Copom ainda adota postura hawkish – inclinada a uma política monetária mais apertada.
“O Bacen segue vigilante e monitorando, citando até mesmo canais de contágio”, avalia. “No cenário interno, focando muito na questão do arcabouço fiscal. No externo, além de guerra (na Ucrânia) e juros, agora ganha relevância a crise bancária. O Banco Central manteve o tom, que vejo como contracionista e muito preocupado com os fatores de risco”.
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