Entrevistas

De administradora à educadora: o papel das mães na construção do orçamento familiar

3 Minutos de leitura

Foi comemorado neste domingo (08) o Dia das Mães, data importante para valorizarmos aquela que é o nosso primeiro contato com o mundo. São elas que, na grande maioria dos casos, são responsáveis pela nossa educação anterior à primária, de criação e afeto, tão importantes para o desenvolvimento de uma criança. 

Do ponto de vista do mercado, a data é também uma oportunidade para vender representações materiais desse amor na forma de chocolates, viagens, uma carta bem escrita e gestos simbólicos de valor sentimental. 

E de dinheiro as mães entendem muito bem, afinal, na grande maioria dos casos, são elas que administram o orçamento familiar, como os gastos com o mercado, materiais de limpeza, alimentação e afins. Isso é verdade até mesmo em momentos históricos quando a renda era quase totalmente proveniente dos pais. No caso de mães solteiras, essa realidade é ainda mais presente. 

“A mãe desempenha o papel importante de administrar o orçamento familiar, muitas vezes dividindo as contas nas gerações mais novas”, diz Bruna Lovato, fundadora da empresa Bruna Lovato Comunicação e Branding e colunista aqui na Smart Money. “Ela equilibra as demandas, o que é necessidade, o que não é”. 

Além de desempenharem um importante papel de administração da renda família, as mães também se tornam educadoras natas, desde os primeiros passos dos filhos até os primeiros conceitos econômicos introduzidos ainda na infância. 


Saiba mais

Workin’ Moms (Mães trabalhadoras)


Quantos de nós não tivemos um cofrinho com moedas? 

Mesmo com um estigma ainda presente nas famílias sobre o assunto, afinal dinheiro é coisa séria, a educação financeira dos filhos, quando feita da maneira correta, pode ser extremamente benéfica para a formação da criança. Os conceitos podem ser levados para a vida adulta e gerarem um grande impacto pessoal. 

“Os pais ficam em dúvida sobre como introduzir temas, de que maneira, quais são os caminhos que a gente precisa trilhar para incorporar isso”, diz Bruna. “Preocupávamos em não acelerar as coisas, mas é necessário explicar que as coisas custam dinheiro”. 

Em sua casa, Bruna conta que o cofrinho foi o primeiro contato do seu filho, Benjamin, de 5 anos, com conceitos financeiros. Hoje em dia, ela e seu esposo também entregam uma espécie de mesada semanal, de dois reais cada um, toda sexta-feira. 

Até o momento, Benjamin acumulou sua pequena reserva de suas mesadas em uma gaveta. Bruna ressalta que eventualmente será importante respeitar a decisão de seu filho quando uma liquidez de sua pequena carteira acontecer. 

“Ele pode usar esse dinheiro para comprar um Kinder Ovo, brinquedos no shopping, ou até mesmo poupar para algo maior”, diz ela. “É um papel de orientação, mas tem que dar a liberdade dele escolher o que quer”. 

O famoso chocolate Kinder Ovo, inclusive, pode se tornar uma importante ferramenta de controle de consumo, afinal o doce não é exatamente barato. Bruna disse que Benjamin entende que o chocolate é apenas para ocasiões especiais, e que ele também reconhece que o Kinder é mais caro que as demais marcas do mercado. 

De administradora à educadora, as mães desempenham um papel fundamental na vida dos filhos e no funcionamento dos lares. Porém, mesmo com uma importância tão grande, o mercado de trabalho ainda carece de avanços necessários para garantir e valorizar direitos mínimos. 

“Ainda existe muita diferença e muita resistência, principalmente com mães”, diz Bruna. “Ainda se pergunta muito em entrevistas de emprego: onde ficará seu filho quando ele ficar doente?”. 

Em sua última coluna sobre o tema, Bruna aponta para um dado assustador: de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), quase metade das mães que tiram licença-maternidade não estão mais no mercado de trabalho após 24 meses. 

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de metade das mulheres de 25 a 49 anos que possuem filhos de até três anos estão desempregadas. No caso da maternidade negra, essa taxa é ainda maior. 

O resultado disso é um cenário brasileiro de pouco acolhimento, poucos programas de incentivo e falta de respeito no mercado de trabalho, especialmente se tratando de mães solteiras. O desenvolvimento da carreira acaba sendo interrompido por um evento natural e importante, como são os nascimentos dos filhos. 

Bruna, inclusive, conta que já precisou recusar duas grandes propostas de trabalho quando colocou as demandas com o filho na balança: 

“Recebi uma proposta bem interessante para a minha carreira, mas tive que declinar naquele momento quando coloquei as demandas do meu filho na balança”, conta ela. “Se fosse um pai, essa escolha muito provavelmente não existiria no mesmo grau. Comigo, porém, tive que recusar duas vezes”. 

A construção de um orçamento familiar certamente não é uma tarefa simples. Diariamente, milhões de mães brasileiras enfrentam os desafios dessa realidade, ao mesmo tem que lidam com demandas de gastos, planejamento, alimentação e educação. Tudo isso para que consigam prover o desenvolvimento saudável dos filhos, sempre com muito amor. 

Como diz o ditado popular moderno, o Dia das Mães deveria ser todos os dias

Juan Tasso - Smart Money

Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!

1857 posts

Sobre o autor
Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!
Conteúdos
Postagens relacionadas
Educação FinanceiraEntrevistas

Como declarar RESGATE de Previdência Privada Progressiva no Imposto de Renda?

1 Minutos de leitura
O nosso colunista Rondinelli Borges, Auditor Fiscal da Receita Estadual, pós-graduado em Direito Tributário e em Finanças e Investimentos, gravou um treinamento…
Entrevistas

Conservador, vigilante e preocupado: economista avalia ata do Copom

2 Minutos de leitura
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (28) a ata da sua 253ª reunião, onde o…
Entrevistas

Fed foi menos hawkish na reunião de março, avalia economista

2 Minutos de leitura
O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciou ontem (22) um ajuste de 25 pontos base nos juros na maior economia…