Para o economista-chefe da Messem Investimentos Gustavo Bertotti, o Banco Central (BC) deve optar pela manutenção da taxa Selic, nossos juros básicos, nesta quarta-feira (07). Será a última reunião do ano.
Embora o mercado não espere surpresas quanto a decisão da taxa, que deve encerrar o ano em 13,75% a.a., o economista destaca que o Copom deve apontar uma grande preocupação com os cenários externo e doméstico no seu comunicado.
“O BC deve fazer um comunicado mais hawkish, destacando uma grande incerteza com os cenários”, destaca Bertotti. “Na parte externa, casos de COVID-19 continuam crescendo, então há uma preocupação grande com a China, inflação global, ajuste nas taxas de juros nas principais economias e como isso vai impactar os mercados”.
Em uma direção mais extrema, a China adotou a política de Covid Zero como uma tentativa de nulificar o avanço da doença no país. No primeiro semestre do ano, as medidas atingiram grandes polos industriais como Xangai e Shenzhen, deixando milhões sob lockdown.
Além dos problemas gerados para o desempenho econômico chinês, a política de contenção afetou a cadeia global de distribuição. O resultado é a falta, ou atraso, de peças, insumos e produtos que exportados pela China para o mundo todo.
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Para o economista-chefe da Messem, a situação corrobora para o atual medo do mercado para uma recessão no ano que vem.
“Isso tudo é considerado no balanço de riscos do BC”, aponta.
No cenário brasileiro, o grande ponto de atenção é situação fiscal e as medidas que marcarão a transição de governo.
“Domesticamente, há uma incerteza quanto a ancoragem fiscal, principalmente levando em consideração a PEC de Transição que tramita no Congresso hoje e pode impactar em R$ 168 bilhões”, aponta Bertotti. Para ele, a ancoragem fiscal é necessária para a condução de política monetária, que hoje está em xeque.
Considerando os cenários de risco e incerteza que podem continuar impactando no início do ano que vem, o economista-chefe da Messem não descarta a possibilidade de um possível ajuste positivo nas taxas de juros.
“O BC deixará a porta aberta para um residual futuro caso necessário e considerando esse balanço de riscos”, aponta.
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