Entrevistas

Para Gabriel Jafet, Gerente de Relacionamento da XP Investments US “XP US” nos EUA, o segredo do offshore é começar da maneira correta

8 Minutos de leitura

Você já pensou em dolarizar parte do seu patrimônio? Sabia que é possível investir em ativos no exterior a partir da plataforma da XP US? 

Esses são os investimentos offshore, uma alternativa para aqueles investidores que querem diminuir os impactos da volatilidade da economia brasileira na sua carteira de investimentos. Por meio deles, é possível ter acesso a uma enorme gama de ativos indisponíveis no mercado brasileiro, além de alcançar uma maior eficiência fiscal e muito mais. 

Atualmente, a XP US conta com escritórios nas cidades de Miami e Nova York. O braço americano da corretora hoje tem mais de 4 mil clientes e US$ 5 bilhões sob custódia. A maior parte destes clientes é de brasileiros residentes no Brasil, mas a XP US também está apta e atende clientes de todas as partes do mundo em sua operação nos Estados Unidos. 

Na nossa entrevista exclusiva dessa semana, conversamos com Gabriel Jafet, Gerente de Relacionamento da XP US nos Estados Unidos 

Jafet compartilhou conosco os principais motivos para se investir no exterior, além de explicar como funciona o atendimento de clientes que buscam fazer investimentos no exterior e dicas para quem quer entrar no mundo das aplicações offshore

O ENTREVISTADO 

Gabriel Jafet tem 49 anos de idade, é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Getúlio Vargas, tem mestrado em Finanças pela Universidade do Texas e hoje mora em Miami, na Flórida. 

Há 29 anos trabalha no mercado financeiro e há 20 anos trabalha no atendimento de clientes com desejo de realizar investimentos offshore. Trabalhou em grandes instituições do mercado, como Lehman Brothers, Barclays e Royal Bank of Canada. 

Há 7 anos, faz parte do time da XP Investimentos nos Estados Unidos, ajudando a estabelecer a presença da gigante dos investimentos em território norte-americano. 

POR QUE INVESTIR NO EXTERIOR? 

Para Jafet, existem três principais motivos para aplicar capital em investimentos offshore. “O primeiro, que vem sempre a cabeça dos investidores, é ter parte do patrimônio dolarizado ou, melhor falando, em moeda forte”, aponta. 

Isso porque grande parte do que as classes média e alta consomem, no Brasil e no mundo, é precificado em dólar. “O carro que você compra é um ativo dolarizado. A gasolina que você coloca no seu carro vem do petróleo, que é cotado no mercado internacional em dólar. O telefone celular que você usa, seja iPhone, Samsung ou outra marca, também é cotado em dólar”. 

E essa dolarização, explica Jafet, se estende até a nossa alimentação. A soja, o trigo, o milho e até mesmo nosso cafézinho são alguns dos exemplos usados pelo especialista em investimentos. “O dólar é moeda de referência, então se o consumidor não quer perder poder de compra ele tem que ter parte do patrimônio dolarizado”. 

O dólar, no entanto, não é a única alternativa para os investidores que visam expor seu patrimônio às chamadas moedas fortes. “O dólar não é uma moeda forte o tempo todo, de vez em quando o dólar se desvaloriza em relação a outras moedas fortes como o euro, a libra esterlina, o franco suíço, o iene e o yuan”, explica. 

A segunda razão para se investir no exterior, explica Jafet, é que se estima que temos acesso a apenas 2% dos ativos financeiros de investimentos do mundo no Brasil. 

“O brasileiro, quando ele tem uma carteira super diversificada, ele está na verdade diversificado em termos de Brasil. Ele não está diversificado em termos globais. O fato dele ter investimentos offshore dá acesso a esses outros 98% de ativos de investimento do mundo”. 

A terceira razão é o chamado “risco fronteira”, também conhecido como “risco Brasil”. De acordo com o banker, muitos clientes procuram a XP US frustrados por não conseguirem fazer planos a médio e longo prazo no Brasil por conta da volatilidade do cenário brasileiro, tanto a nível econômico quanto a nível político-institucional. 

“A gente quer ver o Brasil dar certo, a gente torce para o Brasil dar certo, mas o Brasil fica flertando com a possibilidade de cair do abismo”, explica Jafet. “Você tem um cenário político incerto, um cenário econômico incerto e você tem também um cenário de leis que mudam o tempo todo, então é difícil fazer planos a médio e longo prazo. Nesse sentido, um local como os Estados Unidos oferece uma série de regras de proteção aos investidores. São regras que não mudam com a frequência que a gente vê mudar no Brasil, tem toda uma questão de que o ambiente de investimento em alguns lugares é mais atraente para que se possa fazer um planejamento de médio e longo prazo”. 

Jafet ainda cita que existem outras razões menos determinantes do que as citadas acima para se investir no exterior. Segundo ele, a eficiência fiscal e a sucessão patrimonial são mais vantajosas em investimentos offshore. 


Saiba mais

Dezembro: uma ótima época para ensinar finanças para as crianças


COMO QUE O BRASILEIRO PODE INVESTIR NO EXTERIOR? 

Em teoria, todos os brasileiros podem alocar seu capital em investimentos offshore, desde que atinja duas premissas. 

A primeira delas é a transparência. O investidor precisa informar as autoridades que possui ativos no exterior. “Ele tem de informar à Receita Federal e ele tem de informar o Banco Central sempre que aplicável sobre todos os ativos que possui no exterior”, explica. 

Já a segunda premissa é que sempre que o investidor receba um fato gerador (ganho de capital, dividendos, entre outros), ele precisa fazer o recolhimento dos impostos referentes a esses ganhos no Brasil. Jafet recomenda que os investidores consultem seus assessores de investimento para esclarecer todas as dúvidas sobre tributações antes de investir no exterior. 

Com esses pontos iniciais esclarecidos, Jafet explica como os investidores podem, na prática, começar a investir no exterior. O primeiro passo é procurar um assessor de investimentos para que o cliente possa analisar o seu momento financeiro para entender se cabe fazer a alocação de parte do patrimônio em investimentos offshore

O segundo ponto de atenção é que existe um valor mínimo para abertura de conta na XP US, que hoje está em US$ 500 mil. “A partir do momento que realmente faz sentido dentro do portfólio e do patrimônio do cliente ter uma conta no exterior, ter parte de seus ativos dolarizados e ele tem um volume equivalente a US$ 500 mil ou mais para fazer o investimento, o assessor vai entrar em contato com a XP dos Estados Unidos para que seja marcada uma reunião onde serão cobertos todos os detalhes a respeito de investimentos offshore”, explica. 

Nessa reunião, Jafet explica que são abordados uma ampla gama de assuntos. Desde o mais básico, explicando o que são os investimentos offshore, até questões mais avançadas como estratégias e ferramentas para que o investidor possa atingir uma maior eficiência fiscal com suas aplicações no exterior. 

A partir disso, o investidor pode então abrir efetivamente a sua conta na XP US e fazer o envio de recursos para a mesma. O envio de recursos é feito a partir de uma operação de fechamento câmbio, registrada junto ao Banco Central do Brasil. O cliente passa, então, a ter duas contas de investimentos com a XP, uma no Brasil e outra nos Estados Unidos. Durante todo esse processo, aponta Jafet, o investidor recebe suporte de seu escritório de investimentos filiado à corretora. 

O TRABALHO DA XP NO EXTERIOR 

O trabalho do braço internacional da XP é assessorar o cliente e o próprio assessor de investimentos do cliente na montagem e no monitoramento das carteiras de investimentos offshore

É necessário fazer todo o mapeamento padrão que conhecemos para um investimento doméstico: entender o perfil de investidor do cliente, o capital disponível e muitos outros fatores para escolher o produto certo para cada cliente de forma individualizada. “A gente tenta mapear o máximo possível de informações para que a gente traga para cada cliente uma carteira única e exclusiva para ele”, aponta Jafet. 

“O trabalho é muito parecido com o que é feito no Brasil pelo assessor, é como se fosse um complemento do que é feito no Brasil. E o assessor do cliente no Brasil também participa da gestão aqui (dos investimentos offshore). A gente entende que o relacionamento (com o cliente) é do assessor, é importante que o assessor do Brasil saiba o que tá acontecendo”, explica. “Até pra evitar também investimentos em duplicidade.” 

“A gente tem que ter essa conversa. As carteiras do Brasil e aqui de fora têm de ser complementares, tem que se conversar. Para evitar esse tipo de descasamento no portfólio global do cliente, a gente prima pela participação do assessor do Brasil para que a gente possa fazer com que as carteiras sejam complementares”, aponta. 

Gabriel Jafet destaca ainda que a XP é a única instituição do mercado brasileiro que permite que o investidor acesse sua carteira brasileira e offshore a partir de um único aplicativo. Para ele, isso faz com que o cliente tenha maior facilidade em acompanhar ambas as carteiras e possibilita um diagnóstico mais fácil de possíveis erros na estruturação dos investimentos.

DICAS PARA QUEM QUER COMEÇAR A INVESTIR NO EXTERIOR 

“Primeiramente, o cliente deve se informar. Fazer um investimento offshore é tão simples quanto fazer um investimento no Brasil, mas o que o cliente não quer, e nós também não queremos que ele faça, é não atingir aquelas duas premissas que eu falei anteriormente: transparência e recolhimento de impostos”, aponta Jafet. 

“A chave do negócio é informação. Se informe, entenda, se não entendeu pergunte até ter certeza que entendeu e que vai fazer tudo da maneira correta. Uma vez entendido e determinado qual é o canal a ser usado para esses investimentos, o próximo passo é entender o perfil de investidor e desenhar uma carteira de acordo com esse perfil”. 

Para Jafet, o “segredo” das aplicações offshore é começar da maneira correta. “Você pode ter a melhor das intenções, mas se você tiver investimento offshore e deixou de declarar, ou declarou da maneira correta ou não recolheu os impostos devidamente, isso pode ocasionar uma série de problemas jurídicos”, explica. 

Depois disso, os cuidados são os mesmos que se tem com uma conta doméstica.  “Estando bem assessorado e com a estrutura correta, (os investimentos) entram em ‘piloto automático’. É interessante isso, depois que o investidor está com a estrutura correta, o investidor a partir daí só precisa pensar em investimentos. É bem tranquilo.” 

Guilherme Guerreiro

Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!

1383 posts

Sobre o autor
Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!
Conteúdos
Postagens relacionadas
Educação FinanceiraEntrevistas

Como declarar RESGATE de Previdência Privada Progressiva no Imposto de Renda?

1 Minutos de leitura
O nosso colunista Rondinelli Borges, Auditor Fiscal da Receita Estadual, pós-graduado em Direito Tributário e em Finanças e Investimentos, gravou um treinamento…
Entrevistas

Conservador, vigilante e preocupado: economista avalia ata do Copom

2 Minutos de leitura
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça-feira (28) a ata da sua 253ª reunião, onde o…
Entrevistas

Fed foi menos hawkish na reunião de março, avalia economista

2 Minutos de leitura
O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, anunciou ontem (22) um ajuste de 25 pontos base nos juros na maior economia…