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Para Hellen Telles, networking é fundamental para o gerenciamento de carreira de atletas

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A gestão de carreiras esportivas no Brasil é um mercado em expansão, e não é por acaso. O país é um dos maiores polos de descobrimento de atletas, que as vezes começam a se preocupar com a carreira aos 10 anos de idade. 

No caso de atletas de futebol, a realidade brasileira é desafiadora. Muitas vezes, o jovem atleta sai de uma realidade marcada pela falta de recurso financeiro para uma vida de altos volumes salariais, pessoas, conexões e contratos. 

A carreira de um futebolista está longe de ser comum. Além do início prematuro, a aposentadoria chega muito mais cedo do que estamos acostumados. Na média brasileira, aos 35 anos, o atleta já está pensando em sair dos campos e iniciar uma carreira empresarial. 

“Tudo acontece muito rápido. Às vezes, você não tem ‘braço’ para lidar com tudo que acontece, é uma avalanche de pessoas, de profissionais. O volume financeiro, de contatos e acessos é muito grande”, diz Hellen Telles, empresária de atletas formada em Educação Física pela Universidade de Caixas do Sul. “Se o atleta não tem um apoio e suporte ele não consegue se dedicar exclusivamente para aquilo que o levou para onde ele está agora, que é o campo”. 

Dona da H13, empresa de gestão esportiva, Hellen cursou gestão de Clubes de Futebol pela Unisinos, em Porto Alegre. Além disso, fez parte da 4ª turma de Gestão de Futebol da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Para ela, a mudança repentina na vida dos jovens atletas acaba assustando até as famílias. 

“É uma coisa que impressiona. Você vê atletas de 9, 10, 11 anos com contratos de material esportivo”, diz ela. “Isso as vezes chega para o atleta e para a família como algo completamente novo, as vezes assustador porque eles não sabem como lidar muito bem com a situação”. 

Neste caso, é importante criar uma relação bem próxima e de confiança com as famílias, que acabam conhecendo um mundo completamente novo graças a ascensão das carreiras dos filhos. É, para ela, uma grande responsabilidade que os profissionais de gestão de carreiras acabam assumindo. 

“Às vezes, do dia para a noite, a criança estava ganhando um auxílio de R$ 300 passa a ganhar R$ 10 mil, R$ 20 mil. Para ele conseguir assimilar e organizar, o que pra gente também é difícil, imagina para a criança e adolescente que já cresceu em uma situação de vulnerabilidade”, aponta Hellen. 

Para ela, além da mudança repentina de padrão de vida, outros dois aspectos acabam contribuindo para um cenário de dificuldades no Brasil. Em primeiro lugar, o Brasil é um país grande, com um volume alto de novos atletas e profissionais que atuam na área, além de um alto número de transações durante o ano. Em segundo lugar, existe o problema da média de renda brasileira, que é baixa. 

“O país está em desenvolvimento e tem suas dificuldades educacionais principalmente de gestão financeira e profissional dos adolescentes”, aponta Hellen. “Isso cria um desafio”. 

“Precisei aprender a surfar essa onda” 

Hellen Telles teve sua introdução no mercado de gestão esportiva em 2014, quando seu irmão, Alex Telles, fechou um contrato para jogar pelo Galatasaray, na Turquia. Segundo ela, naquela época a experiência no ramo era curta, mas logo começou a buscar por cursos e especializações para aprimorar suas habilidades enquanto a carreira esportiva do irmão ascendia. 

“Naquele momento, surgiu a necessidade de que alguém acompanhasse essa parte de desenvolvimento dele extracampo”, disse ela. “Coordenação administrativa, jurídica, contábil, toda essa parte de assessoria extracampo que as vezes o jogador de futebol não tem tempo hábil e habilidades específicas pra dar conta das situações”. 

Para ela, o gerenciamento da carreira do irmão segue sendo o maior desafio da profissão, principalmente devido aos recentes contratos. Mais recentemente, em 2020, após quatro temporadas de sucesso no Porto, de Portugal, seu irmão assinou com o Manchester United, da Inglaterra. 

“Tive uma participação bem ativa junto com parceiros, e foi uma experiencia bem impactante, de vida e de trabalho. Mudou minha visão de mercado”, disse ela. “Hoje, ele demanda uma gestão muito complexa. É o meu maior case”. 

“Nosso trabalho depende muito dos contatos, das pessoas que você conhece e dos campos que você abre” 

Em crescimento no Brasil, a gestão esportiva de futebol é uma opção relevante para os amantes do campo. É, porém, uma área que demanda uma capacitação profissional que vai mundo além do amor pelo esporte. 

Para Hellen, gostar de futebol é uma ferramenta útil, mas não é o suficiente. Além da qualificação, o networking também é de suma importância, principalmente considerando carreiras internacionais que demandam uma boa relação com diversas áreas de atuação. 

“Você precisa ter portas abertas, relacionamentos firmes e sustentáveis com diversas pessoas de diversas áreas porque você trabalha com a imagem do atleta também”, disse ela. 

Com a carreira do irmão encaminhada, Hellen Telles espera espelhar no case de sucesso para conseguir levar essas competências e experiências para as vidas de outros jovens esportistas. Atualmente, 15 atletas de base estão sob sua gestão. 

Juan Tasso - Smart Money

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