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Uma boa alimentação pode impulsionar o desempenho profissional, aponta a nutricionista Caroline Geremia

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É de conhecimento geral que a alimentação é um dos pilares da nossa saúde e nosso bem-estar. É comum, porém, subestimar o impacto que uma rotina alimentar desbalanceada tem, por exemplo, no nosso desempenho profissional.

Talvez, se alimentar da maneira correta possa ser o empurrão que você precisa para ter um desempenho melhor no trabalho e alcançar aquela promoção que tanto sonha.

Na nossa entrevista exclusiva desta semana, conversamos com a nutricionista Caroline Geremia. Ela conversou conosco sobre a importância da alimentação na vida profissional, como você pode mudar seus hábitos alimentares para melhor e muito mais.

Caroline Geremia é graduada em Nutrição pelo Centro Universitário Cenecista (CNEC) de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Atualmente, está finalizando uma pós-graduação em Nutrição Funcional e Fitoterapia.

O interesse pela Nutrição surgiu nos tempos de atleta. Caroline praticava patinação quando mais jovem e, na época, começou a fazer um acompanhamento nutricional com objetivo de melhorar seu desempenho. Impressionada com os resultados positivos, ela conta que essa experiência foi uma das grandes responsáveis por fazer o interesse na área de Nutrição crescer.

E foi a experiência como atleta também que estimulou Caroline a entender melhor como a Nutrição pode nos ajudar em todos os aspectos da vida, inclusive no âmbito profissional. Segundo ela, mesmo com o esporte como uma parte importante da vida, o acompanhamento nutricional teve um impacto visível no dia a dia da sua família.

“Ali em casa, por mais que a gente já viesse de uma cultura de comer salada, ter uma alimentação um pouco mais saudável, a gente consumia bastante fritura, era bastante saída para jantar. A partir do momento que eu iniciei esse acompanhamento, a gente mudou muito os hábitos alimentares”, aponta a nutricionista.

“E (com isso) eu pude ver o quanto influenciou na vida das outras pessoas que compunham a minha família, tanto na vida profissional deles e também como na disposição no dia a dia”. Segundo Caroline, esses benefícios são alcançados a partir de mudanças simples no dia a dia, que não envolvem grandes sacrifícios. “Não precisa de nada mirabolante, digamos assim, para termos benefícios incríveis no nosso dia a dia e consequentemente na nossa vida profissional”, aponta.

Caroline afirma que o interesse na relação entre alimentação e trabalhador é recente e ainda não existem tantos estudos prontos sobre o assunto. “Ali nas décadas de 1930, 1940, essa relação começou a ser estudada porque a gente passava por um contexto de desnutrição calórico-proteica da população”, explica.

E foi com o intuito de melhorar as condições de alimentação, o estado nutricional destas pessoas, o nível de conhecimento delas sobre nutrição e alimentação e também melhorar a produtividade dos trabalhadores que surgiram alguns programas nacionais de alimentação e nutrição. O contexto, no entanto, mudou muito desde então e, hoje, é necessária uma nova abordagem.

“Atualmente, a gente percebe que, devido a mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida que a gente tá tendo na sociedade, o perfil desses indivíduos gora apresenta uma prevalência de sobrepeso e obesidade”, explica. “A conduta que a gente toma para um indivíduo em contexto de desnutrição é totalmente diferente da nossa atualidade”.


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Para contexto, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a proporção de obesos na população brasileira adulta – com 20 anos ou mais de idade – subiu 121% entre 2003 e 2019, atingindo 26,8% da população. O sobrepeso, por sua vez, atinge 60% da população com 18 anos ou mais, o equivalente a mais de 90 milhões de brasileiros.

Segundo Caroline, um bom acompanhamento nutricional pode proporcionar diversos benefícios para o trabalhador. “O aumento do desempenho, melhora na produtividade, melhora do humor, prevenção de doenças crônicas, melhora das condições nutricionais e diminuição também da ocorrência de acidentes no trabalho. Tudo isso com modificações na alimentação, com uma alimentação mais equilibrada”.

Questionada sobre possíveis sintomas de uma alimentação desequilibrada, Caroline citou alguns sinais recorrentes. Entre eles estão a fadiga, altos níveis de estresse, dores de cabeça, baixa concentração, baixa imunidade, cabelo e unha quebradiços, pele ressecada, irritabilidade e constipação são alguns dos diversos sintomas que podem ser observados, segundo ela.

Para a nutricionista, os maiores “vilões” hoje na mesa das pessoas e que causam os sintomas citados são alimentos ultra processados, como congelados, além de alimentos açucarados, frituras e uma alimentação pobre em alimentos in natura e minimamente processados. A baixa ingestão de água também é um padrão muito comum, segundo Caroline.

“A longo prazo, manter um estilo de vida mais sedentário junto com essa alimentação mais desequilibrada e rica nesses alimentos que citei, pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas como obesidade, diabetes, hipertensão e tantas outras”, aponta.

Para ajudar a melhorar o acompanhamento nutricional dos trabalhadores, existe o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que tem a proposta de fazer o acompanhamento do trabalhador, melhorar as condições de alimentação.

O programa, no entanto, é de adesão facultativa e atualmente tem um índice de adesão bem baixo. Para Caroline, isso se dá porque a nutrição ainda não é vista tendo a importância que deveria por grande parte das pessoas.

Para aqueles que buscam melhorar sua rotina alimentar, Caroline compartilhou algumas dicas importantes conosco. A primeira dica é o consumo de água, muitas vezes negligenciado pelas pessoas.

“Essa coitadinha é bem esquecida, eu sempre digo que a gente tem que fazer da nossa garrafinha de água pura a nossa melhor amiga. Pode ser água com gás também, uma rodelinha de limão, uma outra fruta ou especiaria junto. Tá valendo o que for do gosto da pessoa pra aumentar o consumo de água, porque ela é importante para todas as funções fisiológicas”.

Evitar substituir as refeições completas por lanches e outros alimentos ultra processados também é de grande importância. “A gente sabe que na correria é difícil a gente ter tempo de preparar diariamente a nossa refeição”, afirma. Para ela, é importante ter porções de comida prontas preparadas com antecedência. Refrigerantes e sucos artificiais também devem ser evitados o máximo possível ao longo da semana.

Uma pauta comum quando se fala em alimentação é o tempo entre as refeições. Segundo Caroline, o intervalo de três horas entre refeições não é obrigatório, e tudo varia de acordo com o organismo da pessoa ou mesmo do tempo disponível para comer quando se está no trabalho.

“A gente precisa respeitar a nossa real fome e saciedade, e também os nossos horários. Se a pessoa não tiver mesmo como realizar um lanche da tarde, a gente vai encaixar as outras refeições conforme a possibilidade dela para encaixar tudo que essa pessoa precisa”, aponta.

Além das nossas refeições e dos horários em que comemos, também é de grande importância dar atenção a como nós comemos. “(É necessário) tentar preparar um local mais tranquilo, em que essa pessoa possa prestar atenção no que ela estar ingerindo. Porque a gente sabe que na correria do dia a dia, a gente passa na prateleira, pega o alimento e sai comendo fazendo ingerir e não tem noção do que acabou de ingerir”.

Isso, segundo Caroline, não faz bem para nossa saúde. A nutricionista destaca que é importante comer com calma, sentindo o gosto, o aroma e a textura dos alimentos, um conceito chamado de alimentação comportamental na Nutrição.

Guilherme Guerreiro

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