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Arcabouço fiscal publicado: hora de comprar Bolsa?

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Desde o resultado das eleições de 2022 a bolsa brasileira foi foco do investidor estrangeiro, que esperava uma maior interlocução entre Brasil e outros blocos econômicos com que Lula tem proximidade. Porém, gestores nacionais preferiram aguardar um posicionamento de controle fiscal da nova equipe econômica antes de voltar para Bolsa. Após os pronunciamentos de discordância entre Banco Central e Governo a respeito da taxa de juros, o novo arcabouço fiscal se tornou a principal forma de aceno do governo para o mercado financeiro. Agora a grande dúvida dos investidores é se tal texto será capaz de trazer estabilidade econômica ao país e novas altas ao Ibovespa. 

Atualmente os principais negociadores na B3 em volume são investidores institucionais e estrangeiros, e, nos últimos 3 meses, os gringos têm sido os principais “price makers” da bolsa. Esse ano, o principal receio dos gestores brasileiros se espalhou também entre os gestores internacionais e a discussão fiscal voltou a criar pressão inflacionária no Brasil.  

O movimento de queda de juros que impulsionaria um novo rali na bolsa atualmente depende do Banco Central, que vem se posicionando firmemente contra a inflação. À espera de um posicionamento do governo que reduza o risco fiscal, as falas do Bacen pedem um arcabouço fiscal “sólido e crível”. Após a divulgação da Ata do Copom e o adiamento da visita de Lula a China, a apresentação do Arcabouço virou foco do Governo.  

A nova regra apresentada por Haddad no dia 30/03 trouxe um nível de complexidade que criou diversas interpretações. Entretanto, no primeiro momento, com o tom amistoso da apresentação, a bolsa reagiu positivamente ao modelo apresentado.  

O texto inicial, que ainda deve ser apresentado e aprovado na Câmara e no Senado, é fruto de uma disputa do governo entre o controle de gastos e o aumento de investimentos em políticas sociais. Para equilibrar tais pontos, o arcabouço buscaria controlar gastos de acordo com o aumento de receitas, o que preocupa o mercado ao pensar que novas tributações poderiam ser a solução da fazenda.  

Com uma leitura mais completa da nova proposta, o mercado percebeu que, além de novas receitas, o texto ainda não atingiria superavit primário no curto prazo. A interpretação de economistas e as simulações divulgadas por diversas casas de análise trouxeram uma correção para a bolsa logo no dia seguinte. 

Ainda com incertezas sobre o texto apresentado, que tem um longo caminho para percorrer entre Câmara e Senado, o mercado aguarda um posicionamento formal do Banco Central para precificar uma possível queda da Selic. Como firmado por Roberto Campos Neto, o aceno do governo para um controle inflacionário será o principal responsável pela queda do DI, e a bolsa apresenta sinais de que pode aguardar com alta volatilidade e sem direção definida por tal movimento político.

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"

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