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Crescimento do investidor pessoa física na bolsa de valores

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A educação financeira, que abrange desde os primeiros conceitos e conhecimentos, até os padrões de investimento mais sofisticados, é difundida em larga escala nos países desenvolvidos. O Brasil, por outro modo, uma economia ainda emergente, é despreparado quando o conceito é educação financeira de qualidade. Apesar disso, temos evoluído muito ao longo dos últimos anos com o crescimento do mercado financeiro e de capitais.

Dos diversos fatores que podem ser mencionados para justificar esse crescimento, a queda da taxa de juros que se iniciou em meados de 2016 é o principal. Além dela, podemos citar a globalização, a democratização da bolsa – permitindo que pequenos investidores tivessem acesso a esse mercado – bem como o crescimento de instituições financeiras com maior inovação e tecnologia, as fintechs.

O investidor da bolsa de valores, ao comprar ações de determinada empresa, torna-se sócio e participa da valorização e crescimento da companhia. Recebe os lucros através das distribuições de proventos e tem desvalorização de seu capital em eventual queda das ações devido a cenário macro ou aspecto negativo relacionado à empresa.

No ano de 2019, a B3 – bolsa brasileira – atingiu a marca de 1 milhão de investidores pessoa física. Desde então, esse crescimento mais do que triplicou, chegando a 3,8 milhões de contas no fechamento do primeiro semestre de 2021. De acordo com a B3, esse crescimento representa uma evolução de R$ 545 bilhões, 55% a mais só no último ano.

A participação do mercado acionário na carteira desse investidor é ainda a mais representativa, embora outras classes de ativos venham crescendo ao longo dos últimos anos, como o FII – Fundo de Investimento Imobiliário, onde a pessoa física já detém mais de 70% do total do mercado. Desde sua liberação para negociação em outubro de 2020, os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) também passaram a ser negociados, trazendo maior diversificação ao portfólio dos investidores e maior liquidez ao produto.

Quando o assunto é diversidade de gênero, o perfil dos investidores em ações mudou pouco ao longo dos anos, uma vez que o crescimento foi linear e a proporção de homens e mulheres pouco se alterou desde 2013. Homens representam mais de 70% da participação enquanto as mulheres contabilizam em torno de 30%. Contudo, mulheres apresentam valor médio do primeiro investimento maior do que o dos homens.

A queda nos juros recente trouxe o fortalecimento da busca de empresas por capital produtivo através dos investimentos de pessoas físicas em suas companhias, e o ambiente de incertezas que se colocou em ano de eleições e alta de juros traz o questionamento da continuidade desse crescimento. A “cultura da segurança”, ainda muito presente em um país cujo risco nunca é baixo, faz com que os investimentos de rentabilidade garantida sejam ainda a grande preferência do investidor.

Apesar disso, a evidência é que o crescimento do número de investidores ao longo dos últimos anos, seja para aplicações de longo prazo ou como forma de buscar rentabilidade especulativa, traz luz a lacuna ainda não preenchida da educação financeira no Brasil. A expectativa de economistas, analistas e estudiosos do mercado financeiro é de que possamos ainda mudar radicalmente essa cultura tão engessada, trazendo maior solidez aos investimentos em bolsa e foco em longo prazo.

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"
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