No dia 2 de outubro aconteceu o 1º turno das eleições nacionais, período no qual tradicionalmente espera-se volatilidade nos mercados devido à grande incerteza sobre a condução da política econômica. Neste estudo, vamos observar como foi o passado das eleições e qual foi o desdobramento para o retorno dos ativos domésticos e, desta forma, entendermos se é momento de oportunidade ou de cautela.
Inicialmente vamos analisar o primeiro turno onde o resultado mostrou uma disputa muito mais apertada do que era esperada inicialmente (Lula 48,4%, Bolsonaro 43,2%). Vemos assim os candidatos acenando mais ao centro na tentativa de atrair o eleitor ainda indeciso. As eleicoes do Congresso indicam força relevante dos partidos de centro e de direita, o que diminuiu de certa forma o nivel de incerteza. Isto é, independentemente do resultado, ambos terão que seguir negociando com Câmara e Senado nas pautas mais importantes, diminuindo espaço para extremismos.
O pleito segue aberto para o 2º turno, e o mercado vai acompanhar de perto a evolução dos candidatos e suas propostas, assim poderemos ver um aumento de volatilidade nos ativos domésticos. A grande questão da incerteza segue sendo a política fiscal, onde tanto Bolsonaro quanto Lula têm a intenção de substituir o teto de gastos, que é a principal âncora fiscal, embora ainda não esteja claro quais serão as mudanças.
Analisando o estudo da XP Research sobre como as eleições afetam os retornos e a volatilidade da bolsa brasileira, temos como destaque:
(I) A volatilidade tende aumentar à medida que as eleições se aproximam, mas não é persistente pois tende a cair após o evento e normalizar;
(II) Setor de energia por ter grande influência da Petrobras (setor representa 14,1% do índice Ibovespa e Petrobras representa 10,7%) é o mais volátil historicamente;
(III) Setores tradicionalmente defensivos como Elétricas e Saneamento tendem ter a menor volatilidade pelo histórico;
(IV) Na média, após 12 meses das eleições, o mercado sobe 9,2%.
Retorno Acumulado antes e depois das eleições:
Observando os estudos históricos, é visto que Petrobras e Eletrobras estão carregando o resultado positivo dos seus setores com muita influência no resultado do Ibovespa, sendo Petrobrás em função do preço do petróleo mais alto e Eletrobras pelo follow on que privatizou a companhia. Com isso, é explicado o melhor desempenho do mercado se comparado com o histórico do período.
Assim, podemos afirmar que o período eleitoral aumenta a volatilidade vindo da incerteza da política econômica, ainda mais em uma eleição polarizada onde temos poucos detalhes acerca da condução da política fiscal pelos dois candidatos que têm vieses distintos. Observando como ficou a Câmara e o Senado vemos pouco espaço para uma política fiscal sem responsabilidade, uma vez que um dia após o primeiro turno onde o Ibovespa subiu 5,54% com a definição dos deputados e senadores.
Quando vemos investidores mais experientes falarem sobre como ganhar dinheiro no mercado é comum escutarmos “Compre na baixa e vende na alta”. Conseguimos atribuir que é neste momento em que temos grande incerteza local (eleições) e internacional (guerra e medo de recessão) que surgem grandes oportunidades. Atualmente, a bolsa negocia com um múltiplo abaixo da sua média histórica (P/L 6,6x, 40% de desconto em relação ao histórico). Somado a isso, vemos que a bolsa sobe em média 9,2% após 12 meses das eleições, logo, podemos estar vivendo um momento de oportunidade de mercado.