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O impacto do Payroll no Ibovespa: Como os dados de emprego influenciaram o mercado de ações

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Na sexta-feira (05), foi divulgado o relatório de empregos dos Estados Unidos referente ao mês de abril, também conhecido como payroll. Esse dado é amplamente utilizado como uma ferramenta para avaliar a saúde da economia americana, bem como sua influência em mercados financeiros globais, incluindo o mercado de ações. O relatório indicou a abertura de 253 mil postos de trabalho fora do setor agrícola, superando as expectativas dos economistas de criação de 180 mil vagas. Um número alto já era esperado, uma vez que a pesquisa ADP divulgada na quarta-feira (03), a qual fornece informações sobre a criação de empregos no setor privado nos Estados Unidos, demonstrou uma leitura de 296 mil vagas versus uma leitura anterior de 142 mil vagas e bem acima das expectativas dos analistas de 148 mil vagas. Mas qual a relação destes números com as bolsas de valores? 

Quando o número de empregos criados é alto, é um indicador de que a economia está crescendo e, consequentemente, a demanda por bens e serviços no mercado interno aumentará, pois há maior liquidez. Uma consequência é a geração de uma pressão inflacionária que pode ser controlada aumentando os juros. De fato, é o movimento que vem ocorrendo nos Estados Unidos desde março de 2022 e fez com que o FED, o banco central americano, elevasse novamente sua taxa básica de juros em mais 0,25 ponto percentual (p.p.) na quarta-feira (03), para a faixa de 5% a 5,25% a.a. Por outro lado, quando o número de empregos criados é baixo ou negativo (demissões), indica que a economia pode estar enfrentando dificuldades ou passando por um período de recessão. Neste caso, o dado pode ser interpretado como um sinal de que o FED pode reduzir as taxas de juros para estimular a economia. E quando existe uma expectativa de juros mais elevados no futuro, usualmente as bolsas caem, pois há uma correlação negativa. 

Além do payroll, foram divulgados nesta mesma data os números da taxa de desemprego, que mostraram queda de 3,5%, em março, para 3,4% em abril, registrando o desemprego mais baixo em 50 anos. Também houve um aumento de 0,5% nos ganhos médios por hora trabalhada das folhas de pagamento privadas em abril, acumulando uma alta de 4,4% nos últimos 12 meses. Ou seja, mais empresas contratando para uma mesma mão de obra, tende a gerar um aumento nos salários, que é mais um fator de pressão inflacionária. Mas o que explica a alta das bolsas na sexta-feira (05)? O S&P500 fechou em alta de 1,85%; Nasdaq subiu 2,13% e Dow Jones 1,65%. O Ibovespa também seguiu o otimismo do cenário externo e fechou aos 105.148 pontos (+2,91%), impulsionado por Vale e Petrobrás, que subiram 3,17% e 4,39%, respectivamente, refletindo uma recuperação nos preços das commodities. 

Por um lado, estes números mostram a resiliência da economia americana e minimiza, em partes, os temores de recessão em virtude da recente crise bancária, que segue impactando alguns bancos regionais americanos, como o PacWest, Western Alliance, First Horizon, entre outros. Mas, principalmente, nesta data houve a revisão dos relatórios do payroll de fevereiro de 325 mil vagas para 248 mil vagas e de março, de 236 mil vagas para 165 mil vagas, uma revisão combinada de 149 mil postos a menos do que o relatado anteriormente, compensando o número de abril bem acima das expectativas.  

O grande desafio de Jerome Powell, presidente do FED, é de manter o crescimento da economia americana tendo a inflação sob controle. Para isto, o mercado aguarda os próximos dados antes da próxima reunião do FED para projetar a trajetória dos juros americanos como a Inflação ao Consumidor (CPI) no dia 10/05, Inflação ao Produtor (PPI), pedidos de auxílio-desemprego no dia 11/05, PIB do 1T23 no dia 25/05, Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE) no dia 26/05, entre outros dados econômicos, na expectativa de uma pausa no ciclo de aperto monetário e na recuperação das bolsas de valores. 

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"

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