Os preços do óleo bruto, matéria-prima dos combustíveis, atingiu o seu maior patamar desde novembro de 2022, se aproximando de US$ 93. A disparada recente nos preços está diretamente relacionada aos constantes cortes na produção da commodity realizados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep), o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e as quedas nos estoques em importantes centros de armazenamento pelo mundo. O Goldman Sachs elevou as projeções para os preços dos barris de petróleo de US$ 93 para US$ 100 para o petróleo tipo Brent até o final de 2023.
A preocupação com a recente elevação dos preços da commodity também foi destacada como um ponto de grande preocupação na última Ata da Reunião do Comitê de Política Monetária – Copom, através do seguinte trecho “os riscos referentes a fenômenos climáticos, guerra na Ucrânia e política internacional de preços de petróleo sugerem a possibilidade de renovadas pressões inflacionárias de oferta”.
O petróleo mais caro está revivendo as pressões de preços e reduzindo as esperanças de que as taxas de juros caiam, ao mesmo tempo que ameaça minar os saldos fiscais dos importadores de energia. Se analisarmos alguns meses atrás, os ativos de mercados emergentes estavam em franca recuperação, à medida que o mercado precificava que a inflação diminuía e com isso as apostas em cortes de taxa de juros de maior magnitude ganhavam mais força. É uma mudança que pode desestabilizar as apostas dos otimistas de mercados emergentes que começaram o ano com grande entusiasmo.
Com o aumento repentino do preço do barril de petróleo eleva-se ainda mais a defasagem entre os valores dos combustíveis vendidos pela Petrobras no Brasil e os praticados no exterior, ampliando a pressão por um novo reajuste nas refinarias da petroleira estatal. Uma vez que o Brasil não é autossuficiente em derivativos de petróleo, especialistas recomendam que os preços da Petrobras estejam em equilíbrio para não inviabilizar importações por terceiros.
Em suma o governo brasileiro tem adotado políticas de preços controlados para produtos como gasolina e diesel, o que pode amortecer o impacto imediato dos aumentos nos preços internacionais do petróleo sobre a inflação doméstica. No entanto, essas políticas podem criar desequilíbrios fiscais e gerar ainda volatilidade na bolsa de valores brasileira.