A escalada da tensão do conflito geopolítico entre Rússia e Ucrânia vem crescendo e expõe não apenas divergências históricas que se agravaram principalmente após a invasão russa à Crimeia em 2014. Uma das preocupações russas é com a possibilidade de seu país vizinho se tornar membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e passar a construir alianças, bem como elevar seu poder bélico.
Questões econômicas exacerbadas por uma crise energética de dependência de gás russo e logístico da Ucrânia trazem preocupações sobre abastecimento e alta de preços das commodities.
A queda na demanda mundial por petróleo em 2020 ocasionada pela disseminação do coronavírus derrubou os preços da commodity no mercado internacional em meio à paralização e restrições das atividades (lockdown). Nesse sentido, a ociosidade na oferta de petróleo e gás natural trouxeram consequências no que tange a falta de investimentos para o setor, e que hoje em parte corroboram para a escalada dos preços de energia que dobraram em algumas regiões do mundo em 2021.
O petróleo referência para política de preços da Petrobrás, o Brent, acumula alta média de 56% nos últimos doze meses, sendo 19% somente neste ano. Considerando o mesmo período, podemos também destacar a alta no mercado internacional do gás natural de 53% e do carvão de coque de 56%.
A disputa comercial e territorial envolvendo a distribuição de gás natural, somada a dependência dos europeus com a importação de energia, podem sustentar preços ainda mais elevados do petróleo e gás elevando os riscos inflacionários globais. Fator este que coloca mais pressão nas decisões de política monetária dos bancos centrais, especialmente do Federal Reserve e do Banco Central Europeu.
No último comunicado, Jerome Powell mostrou-se preocupado com a inflação persistente deixando aberta a porta para início do aumento de juros, sendo que apostas de mercado são no mínimo para cinco altas de juros em 2022 a partir de março. Dados do payroll de janeiro com criação de 467 mil vagas de emprego são mais um sinal de confirmação para o aperto monetário.
Autoridades da inteligência americana afirmam que a Rússia está pronta para atacar dentre dias ou semanas e que o governo russo já concentra mais de 100 mil soldados na fronteira com a capital ucraniana. Por sua vez, o governo ucraniano vem buscando minimizar a possível escalada militar russa, acreditando que haverá uma solução diplomática.
A tensão vem ganhando força a cada dia e sabemos que qualquer desfecho que não for em linha com a diplomacia poderá desencadear uma ruptura da retomada econômica global, gerada principalmente pela escalada dos preços.