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Selic e o impacto da decisão do COPOM nos investimentos 

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Na última quarta-feira (21), tivemos a decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, no atual patamar de 13,75%. Em seu comunicado oficial, o COPOM salientou que o momento ainda é incerto e volátil com riscos em ambas as direções, tanto de alta da inflação, quanto em um possível movimento de reversão. Contudo, a queda nos preços das commodities, a desaceleração da atividade econômica global e os cortes de impostos recentes levaram a instituição a manter um posicionamento mais moderado.  

Mesmo com a decisão, o Banco Central salientou que manterá as taxas de juros em patamares elevados enquanto a inflação se mostrar consistente, dado o atual cenário do mercado de trabalho aquecido. Ponto este, que justifica a cautela do Banco Central eliminando a possibilidade de um corte prematuro na Selic.  

E de que forma esse movimento afeta os investimentos? 

Uma vez que o BC está chegando no fim de um ciclo de alta de juros, torna-se interessante a alocação em investimentos pré-fixados. Apesar da vigilância com relação aos atuais patamares de inflação, o mercado começa a “especular” sobre o momento em que após esse ciclo de alta, iniciará o corte de juros. Um título pré-fixado estabelece uma rentabilidade acordada desde o início da aplicação, portanto mesmo com a posterior correção de juros, o retorno do investidor não se altera, e pode se tornar mais atrativo do que as taxas negociadas no mercado.  

Além disso, a recente deflação apresentada nos meses de julho (0,68%) e agosto (0,36%), ocasionada pela redução do preço do petróleo no mercado internacional e a unificação do ICMS dos estados, que reduziram os custos de energia e transportes, acabou afetando a atratividade de investimentos indexados ao IPCA. Contudo, para o investidor que está buscando uma taxa real a médio e longo prazo, esse investimento volta a se tornar atraente. 

Para a Bolsa, o patamar de juros da economia também se torna uma variável importante. Ao passo que algumas empresas se beneficiam com a alta de juros, tais como bancos, seguradoras e empresas do setor financeiro, outras acabam se prejudicando com o ciclo de alta de juros, a exemplo das varejistas, empresas de construção civil e tecnologia. O mercado as classifica respectivamente como empresas de valor e empresas de crescimento.  

O grande diferencial é que empresas de valor costumam ter forte geração de caixa, solidez maior robustez. Já no caso das empresas de crescimento, seu valor costuma estar precificado no futuro, na expectativa de crescimento dessas companhias e de sua lucratividade. Nesse sentido, o desempenho do Ibovespa até então, no ano de 2022, tem mostrado como o peso de ações de valor impactam de forma positiva na rentabilidade dos investimentos em bolsa, mesmo com o patamar de juros altos.  

Em suma, pode-se acreditar que com os juros altos, os investimentos em renda variável deixem de ser atrativos. Mas o que o desempenho dessa classe de ativos tem mostrado é que muitos papeis ainda são favorecidos por um cenário de inflação que tardará a cair, a exemplo de commodities e bancos.  

Apesar das incertezas acerca da inflação, cenário internacional, e principalmente eleições no Brasil, as oportunidades em investimentos seguem altas, dados os patamares de taxas de juros domésticos e o forte desempenho em segmentos que repassam a inflação e conseguem manter altas margens de lucros.  

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"

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A educação financeira é uma histórica lacuna no nosso modelo de ensino, mas felizmente existem dezenas de iniciativas que trabalham para fechar esse gap, e o projeto desta coluna é mais uma delas. Temos como missão traduzir para você aquele “Economês” frequente no mercado financeiro, além de desmistificar os paradigmas mais comuns do cotidiano de um investidor. Vamos tratar de temas atuais e como eles podem impactar diretamente a maneira como você investe. Vamos propor reflexões sobre o cenário e como tirar o melhor proveito dele. Nosso intuito é trazer um ponto de vista do lado de dentro do mercado, como cada tema é tratado e discutido na frenética mesa de operações – um mundo fascinante. Estaremos aqui todas as segundas-feiras, sempre tratando do que é relevante para você e seus investimentos. Juntos vamos fazer investimentos mais inteligentes!"
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