Um dos mercados mais prejudicados pela pandemia de COVID-19 e agravamento da situação econômica brasileira, incluindo alta severa da inflação e isolamento social, é a do varejo. Em um cenário marcado por incertezas, mesmo com as festividades de fim de ano, os consumidores optaram por gastar menos e de forma mais virtual.
Em 2020, embora o crescimento nas vendas do setor tenha sido de 0,9%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a menor taxa desde a recessão de 2016, quando o setor encolheu 6,2%.
Na semana do Natal de 2020, segundo o indicador da Atividade do Comércio da Serasa Experian, as vendas do varejo físico caíram 10,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, número influenciado principalmente pelo isolamento social durante a pandemia e pelo avanço de novas variantes do vírus pelo mundo.
Com o crescimento exponencial do e-commerce e a possibilidade de consumo sem a necessidade de aglomeração em lojas, o varejo online teve crescimento de 44,6% nos faturamentos da semana do Natal do ano passado, segundo uma pesquisa da Ebit/Nielsen, apesar dos números mais fracos do setor.
Embora o comércio brasileiro tenha sentido um impacto considerável com a pandemia, a mudança na rotina da população acelerou a adaptação para um ambiente de compras cada vez mais virtual, criando uma tendência que deve marcar os próximos anos.
2021 é considerado um ano da recuperação por diversos motivos, sendo que o principal deles é o avanço da vacinação global contra COVID-19. Embora o avanço de uma nova variante preocupe o mercado, a imunização deve contribuir para uma retomada forte da rotina e economia.
No Brasil, o cenário de riscos, incluindo uma inflação que pode terminar o ano acima de 10% e um PIB mais fraco que o inicialmente previsto, deve prejudicar as vendas de fim de ano. Mesmo assim, as projeções estão otimistas.
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De acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas, as vendas do Natal de 2021 devem movimentar R$ 68,4 bilhões.
“Este ano será possível realizar festas e eventos sociais e coorporativos. Isso também estimula as compras e o consumo”, disse o presidente da CNDL, José César da Costa. “Apesar do cenário econômico preocupante, a pesquisa demonstra que a força simbólica e cultural do Natal se sobrepõe às adversidades que os brasileiros ainda lidam com a crise econômica. O Natal é o período mais aguardado do ano para consumidores e comerciantes e dá indícios de que a disposição dos brasileiros para consumir está retornando, ainda que aos poucos”.
Segundo a pesquisa, 77% dos consumidores brasileiros devem ir às compras durante o natal de 2021, cerca de 123 milhões de pessoas.
O e-commerce deve ser o grande campeão de vendas, com 45% dos consumidores relatando que farão compras virtuais para o feriado de Natal. Em seguida, vieram as lojas de departamentos (43%) e shoppings (40%).
Mesmo com um cenário mais otimista comparado com 2020, o cenário econômico brasileiro é sentido no bolso dos consumidores. 71% das pessoas escutadas pela pesquisa disseram que os preços neste ano estão mais altos que no ano passado.
33% dos entrevistados disseram que pretendem gastar menos em 2021, enquanto 31% pretendem gastar mais.
De acordo com a pesquisa do IBGE de setembro, o varejo brasileiro caiu 1,3% na comparação mensal, sendo que a expectativa do mercado contava com uma queda de 0,6%, sinalizando que a situação econômica no segundo semestre de 2021 é mais grave que o inicialmente previsto.
Foto: Reuters / Reprodução