Segundo o secretário do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, as discussões sobre a retirada dos pagamentos de precatórios do teto de gastos já acontecem “naturalmente” no mundo parlamentar. A medida deixaria para trás a PEC que parcela as dívidas do governo.
Para Campos Neto, as articulações fiscais do governo dificultam o trabalho do BC de controle de expectativas da inflação.
Na agenda, o destaque do dia fica para a publicação do Boletim Focus do Banco Central (BC).
Nas bolsas, o mercado se volta para o cenário de instabilidades geopolíticas no Afeganistão.
Esses e outros destaques você confere agora.
BRUNO FUNCHAL: PRECATÓRIOS FORA DO TETO DE GASTOS DEVEM SER DISCUTIDO
Segundo o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Bruno Funchal, a possibilidade de se pagar os precatórios de 2022 fora do teto de gastos ao invés de parcelar a dívida deve ser discutida.
A fala foi feita durante uma live promovida pela XP Investimentos na sexta-feira (13). Segundo ele, a PEC que parcela os pagamentos de decisões na Justiça é amplamente criticada no mundo parlamentar, e que a possibilidade de retirada do teto de gastos surge “naturalmente”.
“Esse é um ponto que merece ser discutido. O envio [da PEC] foi importante para abrir a discussão e vir ideias. A gente não está dizendo que a nossa ideia é a melhor”, disse ele.
A PEC dos precatórios é importante para o governo federal, pois viabiliza a reformulação do Bolsa Família, que deve se chamar Auxílio Brasil. Segundo sinalizações do Planalto, o programa deve passar por um ajuste de pelo menos 50%. A vontade pessoal do presidente, porém, é que os pagamentos do programa subam de R$ 190 para R$ 300 por família.
Como a conta dos precatórios de 2022 está muito acima do esperado, atingindo quase R$ 90 bilhões ante os esperados R$ 58 bilhões, a PEC criaria um espaço de R$ 33,5 bilhões no Orçamento.
Embora a proposta seja amplamente apoiada por governistas, ela ainda precisa passar pelo Congresso Nacional. Caso falhe, o governo deve partir para um “plano B”.
“Qual seria o plano B, o que a gente tem discutido? A gente precisa enviar um plano, a gente vai enviar até meados de setembro um plano de redução de gastos tributários”, disse Funchal.
CAMPOS NETO: CONTROLE DA INFLAÇÃO É DIFICULTADO PELAS ARTICULAÇÕES FISCAIS
Segundo o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, as articulações fiscais geradas pela PEC dos precatórios, Auxílio Brasil e possibilidade de manobra no teto de gastos deterioraram os trabalhos do BC de segurar as expectativas da inflação.
“De uns tempos para cá, com algumas notícias como o tema do precatório, o tema de qual vai ser o novo programa Bolsa Família, incentivos para setores específicos, esses temas geraram um ruído no mundo financeiro”, disse ele durante um seminário na sexta-feira (13).
Segundo ele, a credibilidade que o país havia demonstrado uma certa recuperação começa a ficar prejudicada.
“A coisa mais importante num país que tem nível de dívida que o Brasil tem é passar mensagem de credibilidade fiscal. É essa mensagem que vai permitir ao Banco Central fazer um trabalho com o menor nível de juros e com maior eficiência”, disse ele.
Para ele, o mais importante no momento é dar assistência ao mundo empresarial, que gera empregos, e não apenas distribuir renda através de programas assistenciais.
“O mundo privado é que gera empregos. O que garante renda recorrente não é benefício do governo, é emprego, competição, produtividade, tecnologia, eficiência”, disse Campos Neto.
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AGENDA
Nesta segunda-feira (16), o destaque do dia no Brasil fica para a publicação do Boletim Focus do Banco Central (BC), contando com projeções importantes sobre a economia brasileira.
Na madrugada, foram publicados dados da produção industrial do Japão. No mês de junho, o setor cresceu 6,5%, revertendo a queda de 6,5% apresentada no mês imediatamente anterior.
Às 8h, foi publicado o relatório mensal do Banco Central da Alemanha (Bundesbank).
Às 17h nos Estados Unidos, dados de transações líquidas de longo prazo são publicadas pelo Department of the Treasury.
BOLSAS E CÂMBIO
Com o Afeganistão no radar do mercado, os índices europeus iniciam a manhã desta segunda-feira (16) registrando baixas nas suas principais bolsas.
Com a tomada do Talibã após a retirada das tropas norte-americanas do país, o mercado tem receio que a situação de instabilidade também atinja o mundo político dos outros países.
Dados de confiança do consumidor nos Estados Unidos também pautam o dia, com investidores começando a sentir os efeitos gerados pela variante Delta do novo Coronavírus.
Às 8h da manhã:
- STOXX 600 (STOXX): -0,49%, indo a 473,49 pontos
- DAX (GDAXI): -0,39%, indo a 15.915,85 pontos
- FTSE 100 (FTSE): -0,95%, indo a 7.149,97 pontos
- CAC 40 (FCHI): -0,86%, indo a 6.837,07 pontos
- FTSE MIB (FTMIB): -0,31%, indo a 26.569,50 pontos
Na mesma direção, as bolsas asiáticas fecharam registrando baixas nos seus principais índices.
A variante Delta do novo Coronavírus também está no radar. Na última semana, a produção industrial e as vendas do setor de varejo caíram na China, mostrando que a nova variante já está causando efeitos negativos de curto prazo.
- Hang Seng (HK50): -0,80%, indo a 26.391,62 pontos
- KOSPI (KS11): -1,16%, indo a 3.171,29 pontos
- Shanghai Composto (SSEC): +0,03, indo a 3.517,34 pontos
- Nikkei 225 (N225): -1,62%, indo a 27.523,19 pontos
- Shanghai Shenzhen CSI 300 (CSI300): -0,09%, indo a 4.941,07 pontos
Às 8h da manhã, os índices futuros dos EUA apresentam resultados negativos:
- Nasdaq 100 Futuros: -0,23%, indo a 15.101,60 pontos
- Dow Jones Futuros: -0,28%, indo a 35.416,70 pontos
- S&P 500 Futuros: -0,22%, indo a 4.458,10 pontos
Acompanhe as cotações do Dólar e o Euro na manhã desta segunda-feira (16):
- Às 9h05, o Dólar caiu -0,54%, a R$ 5,24
- Às 9h05, o Euro caiu -0,33%, a R$ 6,18
Foto: Agência Brasil / Divulgação