De acordo com dados das 15h15 desta segunda-feira (21), o Dólar comercial está sendo negociado a R$ 4,96, com queda de 1,01%, o menor valor para a moeda norte-americana desde junho do ano passado. No ano, a moeda norte-americana acumula queda de 12,3%.
Segundo dados da Economatica, o Brasil é o segundo país do mundo com a maior desvalorização do Dólar ante a moeda nacional oficial.
Um dos fatores que mais impulsionam o valor do Real ante o Dólar é o alto número de investimentos estrangeiros, apesar do cenário global incerto trazido pela guerra que se iniciou na Ucrânia.
Em fevereiro deste ano, o saldo de investimentos estrangeiros ficou acima de R$ 30 bilhões. De maneira prática, isso significa que mais dólares entram na economia brasileira, diminuindo seu preço ante o Real.
Acompanhando os bons números, o Ibovespa subiu 3,58% no último mês, atingindo 115.730 pontos na tarde desta segunda-feira (21).
A guerra na Ucrânia trouxe inúmeros cenários de incerteza e estabilidade para o mercado global. As commodities foram as grandes atingidas, já que as exportações de milho, trigo, cevada e petróleo são importantes para a Rússia e Ucrânia. O barril de brent, do Mar do Norte, que custava menos de US$ 80 em janeiro, agora custa acima de US$ 114 de acordo com dados desta segunda-feira (21).
Em um cenário de ‘boom’ nas commodities, o Brasil sai como um dos beneficiados. Segundo dados do Ministério da Economia, até a segunda semana de março, a balança comercial registra um superávit de US$ 3,60 bilhões, crescimento de 60,2% comparado com o mesmo período no ano passado.
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A guerra no leste europeu também traz outra particularidade: como os ativos da Rússia tornam-se de alto risco para as agências de classificação, os investimentos acabam “vazando” para economias um pouco mais seguras e emergentes, como o Brasil.
Apesar do cenário temporariamente favorável para o câmbio brasileiro, os economistas vão acompanhar de perto as eleições presidenciais que acontecem no fim do ano. As eleições são geralmente conhecidas como cenários de instabilidade, além de quase sempre representam gastos maiores do governo.
Além disso, a guerra na Ucrânia deve trazer reduções consideráveis no crescimento econômico global, além de pressionar ainda mais a inflação nas principais economias. O alto custo do petróleo, por exemplo, já aumenta o preço dos combustíveis em todo o mundo, inclusive no Brasil.
No Brasil, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a gasolina está custando R$ 7,267 por litro na média nacional de acordo com dados da última pesquisa divulgada no sábado (19).
Comparado com a primeira semana de janeiro, quando o litro da gasolina custava R$ 6,608 na média, é um aumento de 10% em quase três meses.
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