Segundo economistas da Bank of America Securities (BofA), a economia norte-americana continuará sofrendo as pressões de uma inflação alta e tem 40% de chance de entrar em recessão no ano que vem.
Segundo Ethan Harris, economista envolvido com a pesquisa divulgada nesta sexta-feira (17), o Federal Reserve (Fed) do país está em um “jogo perigoso” de constantemente correr atrás da curva da inflação.
Na quarta-feira (15), o Fed ajustou as taxas variáveis de juros dos Estados Unidos em 0,75 p.p., elevando para um intervalo de 1,5% e 1,75%, o maior desde 1994. É uma resposta à inflação do país, que acumula 8,6% na variação anual e é a pior em 40 anos.
Segundo Harris, as taxas de juros do país podem até mesmo passar de 4% no ano que vem. Além disso, o BofA disse que o crescimento econômico dos países deve ser menor neste ano na mesma medida em que a guerra na Ucrânia e problemas na China trouxeram problemas nos mercados energético e de distribuição de suprimentos.
O pico da crise energética, segundo o BofA, “já pressionou a inflação ao redor do mundo, o que em retorno força os bancos centrais para tomarem medidas mais duras”.
A crise no leste europeu deve impactar o mercado global durante todo o ano. Com um conflito longe do fim e nações aplicando suas sanções contra a Rússia, os gargalos energéticos e problemas com o setor alimentício devem continuar provocando altas severas nos preços. Na Zona do Euro, por exemplo, os custos energéticos tiveram alta de 39% em 12 meses de acordo com a inflação revisada de maio divulgada hoje.
Nesta semana, a maior companhia energética russa, a Gazprom, cortou em mais de 40% o fornecimento de gás natural através do gasoduto Nord Stream 1, que chega na Alemanha, pressionando ainda mais o mercado da commodity e dando sinais de que novos cortes podem acontecer no futuro.
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As previsões do BofA são espelhadas em outra pesquisa divulgada nesta sexta, desta vez da Conferece Board. De acordo com o relatório, 60% dos CEOs esperam uma retração econômica nos próximos 12 a 18 meses. 15% acreditam que suas regiões já passam por uma recessão.
Além da pesquisa, grandes CEOs já expressaram suas grandes preocupações com as economias globais. Jamie Dimon, chefe-executivo da JPMorgan, já disse que as pessoas “devem se preparar”.
“JPMorgan está se preparando e nós vamos ser bem conservadores com o nosso balanço”, disse o CEO em uma audiência com analistas e investidores.
Para piorar ainda mais o sentimento pessimista com a economia, a onda recente de demissões nos Estados Unidos vem preocupando os investidores. Redfin, por exemplo, vai cortar 8% da sua força de trabalho, enquanto a Compass cortará 10% e a Coinbase 25%.
Na Tesla, o CEO Elon Musk expressou em um email que pretende cortar em 10% sua força de trabalho assalariada, e que está com um “péssimo sentimento” quanto a economia do país.
Além das demissões, diversas companhias, como o Spotify, reduzirá o ritmo de novas contratações. A companhia do setor de streaming de música cortará em 25% as novas contratações.