Preocupado com a escalada nos preços dos imóveis e hipoteca, o Federal Reserve (Fed) de Dallas emitiu um alerta sobre a formação de uma possível nova bolha no setor imobiliário dos Estados Unidos.
“Nossas evidências apontam para um comportamento incomum do mercado imobiliário dos Estados Unidos pela primeira vez desde o ’boom’ no início dos anos 2000”, disse o Fed de Dallas, que também disse que o mercado imobiliário está mostrando sinais de exuberância por mais de cinco trimestres consecutivos.
Segundo uma pesquisa do Mortgage Bankers Association (MBA), associação que representa inúmeros setores do mercado imobiliário, os contratos de hipoteca em uma taxa fixa de 30 anos subiram 4,8% na semana encerrada no dia 25 de março na variação semanal. É a maior alta semanal desde fevereiro de 2011.
Desde o início do ano, a taxa de hipoteca subiu 1,5%, a maior alta até o período desde 1994. Ao mesmo passo em que os financiamentos ficam mais caros, o volume de aplicações caiu 6,8% de acordo com o índice Market Composite do MBA, a taxa mais baixa desde 2019.
A alta nos preços de financiamento são uma resposta à postura do Fed de ser mais enfático quanto a escalada inflacionária do país. De acordo com o FOMC, que subiu em 0,25 p.p. as taxas de juros pela primeira vez desde 2018, outros seis aumentos ainda devem acontecer no ano.
De acordo com o índice de preços de imóveis da S&P CoreLogic, os preços de imóveis subiram 19,2% em janeiro na base anual. Um dos efeitos que ajudam explicar essa alta está no comportamento do consumidor durante a pandemia. Com as taxas de hipoteca em baixas recorde incentivaram uma onda de financiamentos na geração mais nova, que sonha em comprar a primeira casa própria.
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Para o CEO da National Association of Home Builders, Jerry Howard, o mercado imobiliário está diante de uma “tempestade”, e que os sinais são péssimos para a economia norte-americana.
“Você tem uma combinação de custos, conformidade regulatória e agora, na outra ponta, os juros estão subindo”, disse Jerry Howard, que disse ainda estar preocupado com uma possível desaceleração na economia.
Embora os sinais para uma bolha imobiliária preocupem, o Fed de Dallas assegura que a situação é bem diferente da crise de 2008. Na época, 7% da renda pessoal disponível do cidadão norte-americano estava sendo destinada para o pagamento de dívidas hipotecárias. Hoje, essa taxa está em 3,8%.
“Baseado nas nossas evidências, não há expectativas de uma queda semelhante a crise global dos anos 2007-2009 nos termos de magnitude ou gravidade macroeconômica” diz o Fed de Dallas. “Entre outras coisas, o balanço das famílias está em uma boa forma e não há sinais de endividamento excessivo”.
Segundo o Fed, a crise dos anos 2000 fez com que instituições bancárias e reguladores prestassem mais atenção e contassem com melhores tecnologias para acompanhar e assertar cenários a respeito do mercado imobiliário.
De qualquer maneira, a situação atual do mercado é uma péssima notícia para quem estava esperando o fim da pandemia para realizar o sonho da casa própria. Além de preços e taxas caras de imóveis, o cidadão norte-americano ainda lida com uma inflação acumulada que é a maior desde 1982.