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A ‘locomotiva do mundo’: entenda por que a China influencia tanto a economia mundial 

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Nesta segunda-feira (23), em sua visita à Ásia, o presidente norte-americano Joe Biden afirmou que os Estados Unidos devem rever tarifas impostas a produtos chineses no país. A notícia foi recebida com bastante otimismo pela comunidade e o mercado internacional, ajudando a impulsionar o desempenho de bolsas de valores ao redor do mundo. 

O movimento de Biden reforça que, no contexto de uma economia global em recuperação, a China exerce um papel crucial para manter o mercado internacional saudável. Para o economista Gustavo Bertotti, que faz parte da área de renda variável na Messem Investimentos, a iniciativa de rever as tarifas mostra que Biden entendeu que o momento atual exige que os países combatam a inflação o máximo possível.


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“Este é o momento de todo mundo buscar amenizar essa inflação e, se tiver que reduzir tarifas para que isso aconteça, é importante”, explica. “O mundo passa por um momento complicado e quando a gente vê o Biden revisando tarifas comerciais se traz um certo alívio para os mercados”. 

Para Gustavo, a colaboração entre as maiores economias do mundo é crucial nesse momento de recuperação da economia global. Partes do mundo ainda sofrem com os danos causados pela pandemia de Covid-19 e inflação resultado da explosão de demanda deve persistir pelos próximos meses, principalmente onde ainda não se mexeu na política monetária – como é o caso da Europa. 

O conflito entre Rússia e Ucrânia no leste europeu, iniciado em fevereiro de 2022, veio para tumultuar o cenário geopolítico e colocar em xeque os planos de recuperação econômica ao redor do mundo. E no meio disso tudo, a perspectiva de desaceleração no crescimento da economia chinesa preocupa o mercado. 

No primeiro trimestre de 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) da potência asiática cresceu 4,8%, acima dos 4,4% projetados por especialistas. Apesar do número bom, Gustavo Bertotti afirma que os dados do 1T22 na China não refletem tão fielmente o contexto que vive a economia do país. 

“Os dados do primeiro trimestre, que foram bons, não traziam ainda essa realidade dos lockdowns por conta da política de Covid Zero que tem na China”, aponta o economista. “Abril foi um período intenso de lockdowns, que se estendem até agora para maio. A política de Covid Zero traz um impacto para o mercado consumidor dentro da China, mas também na oferta global de diversos itens.” 

Os lockdowns voltaram a fazer parte da vida na China no final de março deste ano. Por lá, alguns dos principais centros econômicos do país – como Xangai – viveram períodos de fortes restrições para evitar a proliferação da Covid-19 na região. Como resultado desta tensão, coloca-se em xeque a disponibilidade de diversos itens na cadeia global. 

“A desaceleração do mercado chinês preocupa, por conta da relevância que ela tem em relação à oferta global. Temos falta já no mercado de semicondutores e outros itens tecnológicos, por exemplo”, explica. “Quanto isso pode impactar ainda mais essa inflação (global)? Eu diria que China entrou muito forte no radar desde abril”. 

Esses impactos, Gustavo reforça, são sentidos muito além das fronteiras da segunda maior economia do mundo. Devido à relevância que a China tem em ambas as pontas do comércio internacional, a saúde e o crescimento da sua economia impactam diretamente a economia mundial.

Em países exportadores de commodity, como é o caso do Brasil, o que acontece na China impacta diretamente os resultados das empresas e, consequentemente, o PIB do país. “China é a locomotiva do mundo, ela é a grande ofertante e a grande demandante da economia global”, explica o economista. 

“Mais de 40% do minério de ferro da Vale é exportado para a China, por exemplo. E do lado da oferta ela tem uma relevância muito grande, principalmente no mercado de tecnologia. Por isso a preocupação que se tem com a desaceleração da China é o choque que isso pode causar na oferta, pois ela é um dos principais influenciadores da oferta global”. 

Guilherme Guerreiro

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