Menos de um dia após a União Europeia anunciar a aguardada sexta rodada de sanções contra a Rússia, a Gazprom anunciou hoje a suspensão do fornecimento de gás natural para a companhia neerlandesa GasTerra.
A Gazprom – gigante do setor de gás natural – informou que suspendeu às exportações para os Países Baixos pois a GasTerra não atendeu à demanda de Moscou de pagamento em rublo pelo gás natural russo.
“Ao final do dia útil em 30 de maio, a Gazprom Export ainda não havia recebido um pagamento da GasTerra B.V. pelo gás fornecido em abril, que deveria ser feito em conformidade com o Decreto do Presidente da Rússia nº 172 de 31 de março de 2022. Pagamentos pelo gás fornecido desde o dia 1º de abril devem ser feitos em rublos através de novos detalhes da conta, dos quais as contrapartes foram devidamente informadas”, explica a nota publicada hoje pela empresa russa.
Segundo a estatal russa, outros países ‘hostis’ que se negam a pagar pelas importações com a moeda oficial da Rússia. No radar da Gazprom, estão ainda a dinamarquesa Orsted e a Shell – que compra gás natural russo para distribuir no mercado alemão. Segundo a GasTerra e o governo neerlandês, a suspensão do fornecimento de gás não apresenta uma ameaça para o mercado doméstico.
“Isso (o corte) ainda não é visto como uma ameaça para os nossos estoques”, apontou Pieter tem Bruggencate, porta-voz do Ministério da Economia dos Países Baixos. A GasTerra informa que já contratou um fornecedor alternativo para os 2 bilhões de metros cúbicos de gás que estavam projetados para ser importados da Rússia.
Na Dinamarca, no entanto, a situação não parece tão estável quanto nos Países Baixos. Mads Nipper, CEO da Orsted, afirmou que a empresa irá recorrer para o mercado de gás europeu para suprir sua demanda. “O gás para a Dinamarca deve, em maior escala, ser comprado no mercado europeu. Nós esperamos que isso seja possível”, apontou.
EMBARGO AO PETRÓLEO
O corte do fornecimento de gás para os Países Baixos é mais uma das retaliações que o Kremlin tem executado em resposta às sanções ocidentais por conta do conflito no leste europeu. Ontem, a Comissão Europeia anunciou que a UE irá reduzir as importações de petróleo russo em 90% até o final do ano.
“Estou feliz que esta noite os líderes (da UE) concordaram em princípio com o sexto pacote de sanções (à Rússia). Este é um importante passo à frente”, apontou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Por ora, estão excluídos do pacote de sanções os 10% de petróleo russo importados pela UE via oleoduto. O primeiro-ministro húngaro Viktor Órban foi a principal liderança europeia a exigir que esta parcela, importada a partir do oleoduto Druzhba, ficasse de fora do embargo. A demanda foi feit pois Hungria, Eslováquia e República Checa tem uma enorme dependência energética destas importações.
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O Druzhba fornece ainda gás para outros mercados europeus, como a Alemanha, que devem cortar o volume de importações via oleoduto mais cedo do que os países citados acima. Segundo von der Leyen, a UE discutirá como cessar a importação de petróleo por completo no futuro próximo. “Voltaremos em breve à questão dos 10% restantes do petróleo transportado por oleodutos”, afirmou.
Além do corte nas importações de petróleo, a UE também chegou a um acordo para retirar o Sberbank – maior banco russo – do SWIFT, principal sistema bancário internacional, bem como a proibição da prestação de uma grande gama de serviços às empresas russas e a suspensão da transmissão de mais três veículos de imprensa estatais russos nos países do bloco.