O Banco Central Europeu (BCE) publicou nesta quinta-feira (25) a ata da sua última reunião de política monetária, realizada no dia 21 de julho. Na ocasião, a instituição decidiu pela elevação em 0,50 ponto percentual das taxas de juros na zona do euro.
A ata mostra grande preocupação do BCE com a inflação recorde na zona do euro, que vem se mostrando persistente e acabou por justificar um aumento maior que o previsto nos juros. Antes da reunião, o BCE indicava que os juros na região subiriam 0,25 ponto percentual.
“A inflação continuou indesejavelmente alta e deve permanecer acima da meta por algum tempo”, aponta o documento divulgado hoje pelo BCE. “Os riscos inflacionários estavam em alta e se intensificaram, especialmente no curto prazo. Eles também estavam se espalhando de maneira mais ampla”.
O BCE aponta ainda que os custos de energia em forte alta são, atualmente, os principais vilões da inflação europeia. Na semana passada, a Alemanha cortou impostos sobre energia no país após mais uma disparada nos preços, além de registrar um recuo no PMI para o menor valor em dois anos nesta semana.
A desvalorização do euro no mercado internacional, principalmente ante o dólar americano, também foi apontada pela instituição como um fator de pressão na inflação da zona do euro. O documento mostra que os custos de importação na região estão sendo bastante impactados com a queda no valor da moeda pan-europeia.
“Os membros notaram amplamente que a depreciação do euro constituiu uma mudança importante no ambiente externo e implicou maiores pressões inflacionárias para a zona do euro, em particular por meio de custos mais altos de importações de energia faturadas em dólares americanos”, aponta a ata do BCE.
A divergência entre as atuais políticas monetárias na zona do euro e nos Estados Unidos foi um dos motivos citados pelo BCE como causa da desvalorização do euro ante a moeda norte-americana. A instituição aponta ainda que limitações na cadeia global tem dificultado o crescimento das economias da região e impactado no valor da moeda europeia.
“Foi debatido que, caso os atuais riscos de recessão na economia dos EUA se materializassem, o euro deveria se valorizar. No entanto, um efeito compensatório – e provavelmente dominante – poderia resultar da piora do sentimento de risco global, o que normalmente resulta em um fortalecimento do dólar americano”, revela o documento.
Segundo o documento, o medo de uma desaceleração da economia europeia com um aumento mais agressivo dos juros passou a ser um fator de risco menos determinante do que a inflação fora de controle. No entanto, a instituição aponta que o conflito entre Rússia e Ucrânia no leste europeu continua no radar como um grande fator de risco para a economia da zona do euro.
“O prolongamento da guerra na Ucrânia continuou a ser uma fonte de risco significativo de queda para o crescimento, especialmente se o fornecimento de energia da Rússia for interrompido a tal ponto que leve ao racionamento de empresas e famílias”, aponta o BCE”. “De fato, a possibilidade de escassez de gás russo aumentou a probabilidade de uma recessão”.
Com este cenário desenhado, o BCE reafirma seu compromisso de trazer a inflação da zona do euro de volta para sua meta de 2%. Atualmente, a inflação na região está em sua máxima histórica de 8,9%, de acordo com os dados revisados da inflação de julho.
Saiba mais
Revisão de dados confirma inflação recorde na zona do euro
Por fim, a instituição aponta que um “número muito grande” de membros de seu Conselho Administrativo – responsável pela política monetária – consideraram apropriado o aumento de 0,50 p.p. nas taxas de juros da zona do euro. Um aumento desta magnitude estava no radar com a piora observada no cenário inflacionário da região desde a reunião de junho,
A decisão, no entanto, não foi unânime. O documento revela que alguns membros defenderam o aumento de 0,25 p.p. previamente sinalizado pelo BCE, uma vez que a decisão preservaria a ‘consistência’ da comunicação do Conselho Administrativo da instituição.
“O Conselho Administrativo estava pronto para ajustar todos os seus instrumentos dentro do seu mandato para garantir que a inflação se estabilize sua meta de 2% no médio prazo”, aponta o BCE.
Você pode conferir a ata do BCE na íntegra (em inglês) no site da instituição.
Quer começar a investir com o auxílio de um assessor de investimentos?
Clique no link, conheça a Messem Investimentos e inicie a sua jornada no mundo dos investimentos.