A inflação japonesa bateu a meta estipulada pelo Banco do Japão pela primeira vez desde 2015. O Núcleo do Índice de Preços ao Consumidor no país avançou 2,1% nos últimos 12 meses, marca mais alta nos últimos 7 anos.
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O núcleo da inflação é um índice que exclui os preços de alimentos frescos, mais voláteis. O Índice de Preços ao Consumidor, inflação ‘geral’, fechou com 2,5% de alta nos últimos 12 meses até abril de 2022.
Segundo os dados divulgados, a inflação japonesa foi impulsionada principalmente pelos efeitos colaterais do conflito entre Rússia e Ucrânia no leste europeu. A guerra causou uma disparada nos preços de energia a nível global, além de outras commodities que afetam diretamente os preços de alimentos não frescos.
O aumento acima do esperado nos preços pressiona o poder de compra das famílias japonesas, uma vez que a renda média no país não vem crescendo durante esse período de avanço da inflação. Em depoimento para a agência Reuters, o pesquisador Taro Saito – do Instituto de Pesquisa NLI – aponta que os custos nas importações são os grandes vilões da inflação no Japão.
“Os atuais aumentos de preços decorrem dos custos maiores de importação. Se você olhar para a situação geral, isto significa que a inflação é um fardo para as empresas e para as famílias”, apontou o pesquisador.
Em coletiva de imprensa, o presidente da Federação de Companhias de Energia Elétrica do Japão, Kazuhiro Ikebe, apontou que o país precisa usar sua capacidade instalada das usinas nucleares para conter o avanço dos preços no setor. Com o conflito na Ucrânia, o gás natural – uma das principais commodities energéticas do mundo – já viu seu preço saltar mais de 70% desde o início da invasão russa no país vizinho.
O Japão anunciou recentemente um plano de banir gradualmente as importações de petróleo e carvão russos, um plano que exigirá o surgimento de novas fontes de energia no país. Para Kazuhiro Ikebe, utilizar a energia nuclear também é uma saída para diminuir os níveis de emissão de carbono.
“É essencial maximizar o uso da energia nuclear existente com a mais alta prioridade em segurança, também sob as perspectivas de segurança energética, viabilidade econômica e realização da neutralidade de carbono até 2050”, explicou.
O Japão atualmente tem 4 reatores nucleares em operação. A maior parte das usinas do país, no entanto, permanece interditada enquanto ainda não se encerram os processos de licenciamento. Após o acidente na usina de Fukushima, o setor no nuclear japonês passou por uma completa reformulação nos protocolos de segurança.