Internacional

Mesmo após sanções, moeda da Rússia já apresenta recuperação total: entenda o porquê

3 Minutos de leitura

O Rublo, moeda oficial da Rússia, passou por maus bocados após a invasão promovida por Putin na Ucrânia. Para além do desastre humanitário, a reação do mercado e das grandes potências mundiais foi de tentar isolar a economia russa do resto do mundo. 

Com os pacotes de sanções, incluindo o banimento de bancos russos do SWIFT, retaliações contra oligarcas russo, boicotes de empresas e a suspensão de importação energética nos EUA, o Rublo chegou a tombar mais de 50%. No início de março, US$ 1 chegou a valer mais de 130 Rublos. 

Outra grande medida aplicada pelos países foi o bloqueio de parte das reservas da Rússia em moedas internacionais, que juntas somam US$ 600 bilhões. A intenção era clara: isolar a economia de Putin do mundo, podendo forçar um fim à guerra no leste europeu. 

Nas últimas semanas, porém, o Rublo se recuperou quase que totalmente. Nesta segunda-feira (04), US$ 1 está valendo 83,75 Rublos, mesmo patamar registrado na segunda semana de fevereiro. 

Apesar de um PIB que deve ficar mais baixo neste ano e uma escalada inflacionária forte, a economia russa parece ter conseguido blindar sua moeda das sanções econômicas globais, colocando em questionando as políticas aplicadas pelos países e sua efetividade. 

Afinal, o que a Rússia fez? 

Parte das políticas que blindaram a economia russa foram artificiais e partiram de legislações aprovadas pelo governo de Moscou, controlando as negociações em Rublo e obrigando a conversão de ganhos em Dólar para a moeda russa. 

Além de proibir que cidadãos russos façam transações fora da Rússia, as leis aprovadas por Moscou obrigam que exportadores convertam pelo menos 80% das receitas em moedas estrangeiras para o Rublo. 

Além disso, o Banco da Rússia (BoR em inglês) dobrou as taxas de juros do país para 20%, tentando evitar uma escalada muito forte dos preços e promovendo uma estabilidade financeira. 

Essas medidas tiveram como intenção a blindagem da moeda, que poderia estar encaminhando o país para uma crise severa. 

Por mais que as legislações ajudem na estabilidade econômica por lá, o mais importante motivo para o desempenho da moeda russa está no mercado energético. 


Saiba mais

Putin ameaça cortar fornecimento de gás para a Europa e abre nova crise nas tensões


A dependência do mercado europeu 

Hoje, 38% do total das importações energéticas que vão para Europa parte da Rússia. É uma relação de dependência, pois o continente europeu não tem como substituir esse volume por outras fontes energéticas e outros países exportadores. 

A Noruega, por exemplo, que está em capacidade máxima de fornecimento, corresponde a 18% dos recursos energéticos importados pela Europa. Caso procure fontes como os Estados Unidos, que exporta o gás natural liquefeito, os preços devem subir ainda mais. 

Sabendo dessa dependência, Putin está ameaçando cortar o fornecimento de gás para a Europa caso os países não aceitem pagarem em Rublos pela fonte energética. 

“Se tais pagamentos não forem feitos, consideraremos isto como um descumprimento por parte dos compradores com todas as consequências resultantes. Ninguém nos vende nada de graça e nós também não faremos trabalho de caridade”, dizia o anúncio e Putin na quinta-feira (31). 

O banco autorizado a servir como intermediário nessas negociações é o russo Gazprombank, um dos poucos que não foram atingidos pelas duras sanções de isolamento impostas pelos países europeus. Isso porque o banco é um agente muito importante no processamento de transações financeiras relacionadas ao abastecimento energético. 

Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a lei aplicada sob o gás russo é apenas um “protótipo”, pois é provável que a mesma obrigatoriedade será estendida para outros grupos de serviços e produtos. 

Até o momento, não há um posicionamento específico da União Europeia (UE) sobre assunto, embora países como a Alemanha tenham sido veemente contra a decisão da Rússia. 

A Lituânia é o primeiro país do continente a oficialmente se recusar a pagar com Rublos o gás natural russo. Na direção contrária, a Eslováquia disse que não possui condições para boicotar as importações. 

De qualquer maneira, a obrigatoriedade do pagamento em Rublos pelo gás natural, produto que a Europa não pode viver sem no momento, deve segurar as pontas da economia russa por um tempo. 

Juan Tasso - Smart Money

Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!

1857 posts

Sobre o autor
Jornalista Smart Money — Leia, estude, se informe! Apenas novas atitudes geram novos resultados!
Conteúdos
Postagens relacionadas
InternacionalNotícias

Federal Reserve mantém taxa de juros e interrompe ciclo de aperto monetário

2 Minutos de leitura
Em uma decisão que estava alinhada com as expectativas do mercado, o Comitê de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve, o Banco…
Internacional

Mercado de trabalho dos EUA surpreende mercado e gera 253 mil vagas em abril

1 Minutos de leitura
De acordo com o relatório do Payroll do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, a geração de emprego não-agrícola nos Estados Unidos…
Internacional

Vendas no varejo caem 1,2% na zona do euro

1 Minutos de leitura
As vendas no varejo na zona do euro recuaram 1,2% em março 2023 na série com ajuste sazonal ante fevereiro. Os dados…