Para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN, NATO em inglês), as tensões da Ucrânia com a Rússia na fronteira dos países está longe de acabar. Segundo o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, desescalar as tensões deveriam ser acompanhadas da retirada completa de equipamentos do exército militar.
“A Rússia fez uma movimentação militar ao redor da Ucrânia que é sem precedente desde a Guerra Fria. Tudo agora aponta para um ataque”, disse ele. “Mas ainda dá tempo para a Rússia recuar, parar de se preparar para a guerra e trabalhar em soluções pacíficas”.
As tensões no leste europeu continuam preocupando o mercado financeiro, especialmente os setores energético e de petróleo. Um eventual conflito na Ucrânia pode significar aumentos severos nos preços do óleo, que já estão em alta máxima de cinco anos.
No caso da Europa, o continente é quase que totalmente dependente do fornecimento de gás da Rússia. Atualmente, a Ucrânia é uma importante “ponte” para o abastecimento.
Recentemente, reuniões foram feitas entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente norte-americano, Joe Biden, mas nenhum acordo foi firmado entre as partes.
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A Rússia respondeu à escalada das tensões com a retirada parcial de tropas na fronteira do país durante a madrugada desta terça-feira (15). O anúncio foi feito em uma rede de TV russa, que transmitiu uma entrevista ensaiada envolvendo o presidente Putin e o seu Ministro da Defesa, Sergei Shoigu.
Ambos anunciaram o fim de manobras militares na Bielorrússia. O Ministério da Defesa do país, porém, não forneceu um número concreto das tropas em solo, nem mesmo quantas delas deve retirar da região.
Para o secretário-geral da OTAN, embora a retirada parcial seja um bom sinal, ela não é o suficiente.
“Existem sinais da Moscou de que a diplomacia deve continuar. Isso dá chão para um otimismo cauteloso. Mas por enquanto nós não vimos qualquer sinal de esfriamento das tensões por parte da Rússia”, disse Stoltenberg.
Uma das justificativas do avanço das tensões na Ucrânia é a aproximação do país com a União Europeia e OTAN, coisa que o presidente russo, Vladimir Putin, é veementemente contra. Isso porque a Ucrânia é um ponto estratégico importante demais para abrir mão.
A OTAN já havia afirmado intenções de adesão da Ucrânia na década passada, e as tensões no país só aumentaram depois. Agora, segundo o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, a adesão é praticamente um item “fora da agenda”.
As declarações foram feitas após uma reunião com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O encontro foi em Kiev e durou mais de três horas.
“A questão da adesão à aliança é praticamente não existente. É, de alguma forma, peculiar o governo russo estar fazendo algo que praticamente não está na agenda se tornar objeto de grandes problemas políticos”, disse Scholz.
Foto: Reuters / Reprodução