Nesta quarta-feira (04), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) António Guterres afirmou que a produção de alimentos de Rússia e Ucrânia é crucial para restaurar um bom nível de segurança alimentar a nível global. O pronunciamento do chefe da ONU foi feito em meio a uma visita inaugural na capital da NIgéria, Abuja.
Também ontem, a organização publicou o Relatório Global Sobre Crise Alimentar de 2022, documento com números sobre a quantidade de pessoas sofrendo de fome aguda ou subnutrição em países considerados vulneráveis.
De acordo com o relatório, 193 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar aguda no planeta, com outros 236 milhões em situação de estresse – à beira da insegurança aguda. Entre os 53 países cobertos pelo estudo, feito com auxílio da Rede de Informações de Segurança Alimentar.
O número de pessoas em situação de insegurança aguda continua a subir, segundo o relatório, ficando acima de 100 milhões de pessoas pelo quinto ano consecutivo. Em 2021, o relatório apontou que existiam 155 milhões de pessoas nesta condição.
Em Abuja, António Guterres apontou que o conflito entre Rússia e Ucrânia vem causando sérios danos à rede de distribuição de alimentos ao redor do globo. “Nossa análise indica que a guerra na Ucrânia está deixando as coisas ainda piores desencadeando uma crise tridimensional que está devastando sistemas de alimentos, energia e financeiros de países em desenvolvimento”, apontou o secretário-geral da ONU.
Para ele, para que a situação melhore é de extrema importância que sejam viabilizadas maneiras de suprir a cadeia global mesmo que o fim do conflito não esteja no horizonte. “Não há uma verdadeira solução para o problema de segurança alimentar global sem trazer de volta a produção agrícola da Ucrânia e a produção de alimentos e fertilizantes da Rússia e Belarus para os mercados globais apesar da guerra”, pontuou.
Guterres declarou ainda que se dedicará a mediar diálogos para que esses objetivos sejam alcançados. No mês passado, o Fundo Monetário Internacional apontou que o conflito causou danos severos nas economias da África subsariana, elevando preços de alimentos e de matrizes energéticas, colocando população de países vulneráveis em situação alarmante.
A Nigéria, por exemplo, foi forçada a comprar fertilizante de potássio do Canadá por não conseguir importar fertilizante russo como de costume. “Nós precisamos garantir um fluxo constante de comida e energia através de mercados abertos, retirando todas as restrições desnecessárias à exportações, direcionando excedentes e reservas para os necessitados e nos mantendo a frente dos preços dos alimentos para conter a volatilidade do mercado”, finalizou o secretário-geral da ONU.