De acordo com dados divulgados com atraso pelo Banco Central (BC), os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 11,84 bilhões em fevereiro, a maior taxa desde janeiro de 2017, quando os investimentos somaram US$ 12,35 bilhões.
Os dados de fevereiro vieram com atraso por conta da greve de servidores da autarquia. Nesta semana, estava programada a divulgação dos resultados de março.
Considerando apenas o mês de fevereiro é a maior taxa de IDP desde 1995. Abaixo, acompanhe a variação do IDP considerando a taxa acumulada dos últimos 12 meses:
Em relação ao mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 34,1% nos investimentos estrangeiros diretos. No ano de 2022, os IDPs somaram US$ 16,55 bilhões.
Segundo o BC, houve ingressos líquidos de US$ 12,2 bilhões em participação no capital e saídas líquidas de US$ 394 milhões. O IDP do mês foi o suficiente para compensar o déficit de R$ 2,4 bilhões nas contas externas de fevereiro.
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Apesar dos desafios apresentados pelas pressões inflacionárias, os investimentos estrangeiros são diretamente beneficiados pelo recente boom nas commodities no mercado internacional.
A guerra na Ucrânia, que prejudica o mercado energético e de alimentos, além de causar disjunções nas rotas do Mar Negro, trouxe aumentos expressivos no gás natural, petróleo, trigo, cevada e afins.
O Brasil, como grande exportador, se beneficiou diretamente com esse cenário. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, a balança comercial brasileira, até a 4ª semana de abril, teve crescimento de 7% no superávit na comparação com o mesmo período no ano passado.
Além dos sintomas relacionados à alta das commodities, como a Rússia torna-se um fator de investimento de risco para o mercado de investidores, a tendência é que o capital estrangeiro acabe sendo distribuído para economias emergentes, como a brasileira.
Um dos resultados da alta dos investimentos estrangeiros no Brasil é a queda do valor do Dólar ante o Real, já que o fluxo de dólares acaba valorizando a moeda nacional. A moeda norte-americana estava em R$ 5,60 na primeira semana de janeiro de 2022, e chegou a cair abaixo de R$ 4,65 na primeira semana de abril.
Mesmo com um cenário favorável, o mercado segue de olho em fatores de risco domésticos, como os embates entre o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) e as eleições presidenciais de 2022.