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O que esperar da ‘super quarta’?

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Começou ontem (31) a 252ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O órgão, parte do Banco Central (BC), é responsável pela administração da Selic – taxa básica de juros da economia brasileira. 

O anúncio de taxa de juros acontece hoje (01) a partir das 18h30 (horário de Brasília), com a maior parte dos especialistas projetando a manutenção da Selic em 13,75% ao ano. 

Nos mesmos dias, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) realiza a sua reunião de política monetária. O mercado brasileiro tem apelidado essas ocasiões em que a reuniões convergem como ‘super quarta’. 

Além da decisão em si, o mercado também fica atento para entender o que as autoridades monetárias indicarão sobre a condução de política monetária para os próximos meses. 

Hoje, Brasil e Estados Unidos estão em momentos distintos do seu ciclo de aperto monetário. Neste texto, vamos te explicar um pouquinho do contexto econômico que está influenciando a atuação dos bancos centrais brasileiro e norte-americano e o que podemos esperar da primeira ‘super quarta’ de 2023. Confira! 

Copom 

Na sua primeira reunião do ano, o Copom enfrenta um cenário diferente do que o observado na última reunião de 2022. O Relatório Focus, divulgado toda segunda-feira pelo Banco Central, aponta alta nas projeções do mercado para a inflação brasileira há seis semanas consecutivas. 

O mercado vê quase como unanimidade que o comitê do BC irá divulgar a manutenção dos juros em 13,75% ao ano. Para Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, o comunicado de amanhã deve vir com um tom mais hawkish do que nas reuniões passadas. 

“Ele (Banco Central) vai colocar com certeza uma preocupação muito grande com a ancoragem fiscal”, explica o especialista. “A questão do Teto de Gastos, que agora o governo trata como ‘arcabouço’ fiscal’, decisão deixada para abril, preocupa muito”. 

Gustavo reforça que o cenário inflacionário preocupa o mercado e cita as projeções mais recentes do relatório de mercado do BC. Além da alta da inflação, o mercado também vem aumentando suas apostas para o valor da Selic ao final de 2023.

Outro ponto em destaque é a difusão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador teve em dezembro 2022 sua maior difusão desde maio, um dado que mostra que a inflação está mais espalhada no Brasil. 

“O Banco Central vai continuar sendo vigilante em relação a isso (inflação)”, aponta o economista. Gustavo espera um comunicado ‘contundente’ por parte do Copom e vê que chances de uma redução da Selic no primeiro semestre de 2023 extremamente reduzidas. 

FOMC 

Também na sua primeira reunião de política monetária, o comitê de política monetária do Federal Reserve enfrenta um cenário macroeconômico com indicadores contrastantes. No último episódio do Short Squeeze, nosso podcast de dicas curtas, Gustavo Bertotti falou sobre a economia dos Estados Unidos e o que podemos esperar desta reunião do Federal Reserve. 

O economista aponta que ainda é muito cedo para afirmar se o pior já passou na maior economia do mundo. Existem, no entanto, indicadores que mostram que o Fed pode estar conseguindo executar o ‘pouso suave’ tão citado por Jerome Powell em seus discursos ao longo de 2022. 

Enquanto indicadores de atividade econômica, como o Produto Interno Bruto (PIB) e encomenda de bens duráveis mostram uma economia norte-americana bem aquecida, a inflação no país tem perdido fôlego nos últimos meses. 

Na outra ponta, o mercado segue atento aos dados do Payroll, relatório do mercado de trabalho norte-americano. A geração de emprego é vista como possível combustível para uma aceleração da inflação. Gustavo aponta que, mesmo com aumento dos juros, o mercado de trabalho norte-americano tem se mantido forte. 

“Os dados que tivemos agora em janeiro mostram uma desaceleração da inflação, mas – ao mesmo tempo – uma economia que vem gerando emprego e alguns indicadores apontando crescimento”, explica o economista. Para amanhã, o monitor da taxa de juros do portal Investing aponta uma chance de 98,7% de o Fed anunciar um aumento de 25 pontos-base nos juros, levando as taxas para o intervalo entre 4,50% e 4,75% ao ano. 

BCE e BOE 

Além da ‘super quarta’, a semana conta ainda com decisão de política monetária nas principais economias da Europa. Nesta quinta-feira (02), o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) também realizam suas primeiras reuniões do ano. 

No Velho Continente, o cenário ainda é diferente do observado no Brasil e nos EUA. Apesar de estar em curva de desaceleração, a inflação no Velho Continente ainda permanece muito elevada. 

Recentemente, membros do BCE e do BoE reforçaram o compromisso das autoridades monetárias europeias em trazer a inflação de volta à meta e garantiram que tomaram as medidas necessárias para tal. Por lá, o mercado projeta elevação dos juros em 50 pontos-base na zona do euro e no Reino Unido. 


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Guilherme Guerreiro

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