O aumento no preço de alimentos e insumos básicos tem assustado os brasileiros nos últimos meses. Esse movimento é motivado pela falta de produtos em estoque, assim como os pacotes de alívio econômico executados pelo governo e a desvalorização do real brasileiro no mercado.
Dados esses pontos, é muito difícil frear o aumento nos preços de produtos como o arroz, por exemplo, especialmente pelas taxas de câmbio atuais. Com o dólar elevado, exportar sua produção torna-se especialmente atrativo para a indústria.
Segundo especialistas, a inflação deve ficar próxima a 2,65%. O cenário ainda é melhor que a meta estabelecida pelo governo no início do ano (4%), mas conseguir manter a inflação abaixo dos 3% dependerá diretamente da capacidade da União de controlar os três fatores citados anteriormente.
Para isso, é necessário que, primeiramente, os produtos voltem às prateleiras, pois o equilíbrio entre oferta e demanda é substancial para manter uma taxa de inflação baixa. A taxa de câmbio deve começar a ser controlada com a manutenção do teto de gastos e com a melhora da saúde fiscal do país. Além de incentivar a exportação de produtos, encarecendo a parcela da produção que permanece no mercado doméstico, a alta taxa de câmbio encarece diretamente os produtos importados.
Enquanto a inflação acumulada dos últimos 12 meses é de 2,65%, alguns produtos chegam a altas superiores a 30% no mesmo período. O produtor também se viu muito prejudicado no período, com o preço de matérias-primas subindo mais de 50% desde setembro do ano passado.
O economista André Braz, coordenador de índices de preços do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), ouvido pelo jornal Folha de São Paulo, afirma que a taxa cambial desfavorável no Brasil só agrava uma situação que também é ruim no mercado internacional. Alguns insumos importados, como grãos, tiveram altas em seus preços em dólar, um fator que, combinado com a desvalorização do real, coloca alguns setores da indústria brasileira em situações muito delicadas.
Também em entrevista à Folha, o economista-chefe do BNP Parribas Brasil, Gustavo Arruda, afirma que o auxílio emergencial proporcionado pelo governo federal também contribuiu para o descompasso entre oferta e demanda de alguns produtos. Segundo ele, a manutenção do auxílio em R$600 poderia representar um risco de a inflação no Brasil aumentar em um ritmo acelerado nos próximos meses.
Há a esperança entre especialistas, porém, que o choque inflacionário de alguns setores não sejam duradouros e/ou representem aumentos definitivos de preços. Com a manutenção do teto de gastos e a retomada da produção industrial com a flexibilização das medidas de distanciamento social, a expectativa é que os preços e a taxa cambial comecem a voltar para valores mais favoráveis nos próximos meses.
Imagem em destaque: Jornal de Brasília / divulgação