Segundo um relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad em inglês), o impacto gerado pela paralisação do setor de turismo pode representar um impacto negativo de US$ 4 trilhões nos anos 2020 e 2021.
Na comparação com 2019, as perdas no setor podem ser de US$ 1,7 trilhão a US$ 2,4 trilhões em 2021.
Para países como a Turquia, onde 5% da economia vem do turismo, o impacto foi de US$ 33 bilhões com queda de 69% no setor. Juntando serviços interligados, como alimentação, bebidas e varejo, o impacto quase triplicou para US$ 93 bilhões.
A grande culpada pelos resultados é a pandemia de COVID-19, que praticamente paralisou o setor de turismo no ano passado. Com o cancelamento de viagens, fechamentos de comércios e medidas restritivas aprovadas pelos governos dos países para evitar a circulação de pessoas entre países, o setor só viu uma leve recuperação em 2021 com o avanço das vacinas e a retomada da normalidade.
Isso por conta da vacinação em massa promovida pelos países desenvolvidos. Considerada a melhor medida de superação da pandemia, países avançados na imunização da população tendem a retomar a normalidade com mais rapidez.
No caso do Brasil, segundo uma reunião da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado (CDR), que é presidida por Fernando Collor (Pros-AL) e foi realizada no fim de maio, o país deve sentir o impacto positivo após a vacinação em massa.
“A variável de queda não se consegue controlar mesmo com promoção. É um momento delicado para estimular consumidores de mercados internacionais a visitar o Brasil. Se tivéssemos um processo volumoso de vacinação talvez nós tivéssemos recuperação em julho. Estamos com aumento previsto [de chegada de turistas] só de 22%”, disse o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e representante da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Alexandre Sampaio no encontro.
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Por conta do descompasso no avanço da vacinação pelo mundo, a avaliação da Unctad indica que os impactos positivos sobre o turismo neste momento pós-pandemia não serão homogêneos. Além disso, com o surgimento de novas variantes do novo Coronavírus, uma avaliação precisa sobre o setor fica cada vez mais difícil.
“A distribuição assimétrica de vacinas amplia o golpe econômico que o turismo sofreu nos países em desenvolvimento, já que eles podem responder por até 60% das perdas globais do PIB”, diz a Unctad.
Os impactos sobre o setor também não se limitam às restrições de fluxos de pessoas. Para que haja turismo, é necessário que existam pessoas com renda para viajarem.
Durante a pandemia, o que se viu foi uma escalada da inflação e desemprego nas principais economias do mundo. No Brasil, outros fatores internos como a crise hídrica também contribuem para que, mesmo com a flexibilização de medidas sanitárias, um número menor de pessoas tenha condição de viajar.
Segundo a Organização Mundial do Turismo (Unwto em inglês), o setor deve ver uma normalização para níveis pré-pandemia apenas em 2023.
Foto: Agência Brasil / Divulgação