O início de 2021 será desafiador para o Tesouro Nacional. Entre janeiro e abril do próximo ano, o governo federal tem um montante de R$643 bilhões em dívidas a vencer, quantia que representa mais do que o dobro da média de arrecadação do governo para o período nos últimos cinco anos.
Com a sustentabilidade das contas públicas em cheque, os investidores estão cada vez mais apreensivos. Há uma desconfiança quanto a capacidade do governo de emitir títulos a partir do ano que vem.
O choque fiscal, como o Banco Central apelidou a situação, não será fácil de remediar. A pandemia do novo coronavírus comprometeu gravemente as contas públicas, elevando a dívida interna brasileira a 100% do PIB em 2020. É um número alto para um país considerado emergente, mas uma situação contornável a médio/longo prazo se o mercado reagir. O cenário, porém, não é otimista para tal retomada, as incertezas quanto aos programas sociais a serem lançados pelo governo dificultam previsões de uma recuperação econômica do Brasil.
O atual cenário dificulta a venda de títulos de longo prazo por parte do Tesouro. Nos últimos meses, os títulos mais vendidos tem sido de vencimentos mais curtos, de seis meses (abril) ou um ano (outubro). A forte venda de títulos de curto prazo é um dos grandes responsáveis pelo grande número de vencimentos no primeiro semestre de 2021. Apenas em abril de 2021, os vencimentos são de R$315 bilhões, quase igualando o número dos quatro primeiros meses de 2020 somados (R$356,8 bilhões).
O subsecretário da dívida pública do Tesouro, José Franco de Morais, porém, tranquilizou os investidores. Franco de Morais afirma que o governo terá em caixa todo o dinheiro que precisa para pagar os vencimentos do primeiro quadrimestre de 2021. O colchão de liquidez da dívida permitirá ao Tesouro evitar leilões para a rolagem da dívida em situações críticas como a atual.
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