Aliados aos impactos negativos da pandemia global do coronavírus, o Comitê de Política Monetária (COPOM), do Banco Central (BC) confirmou as expectativas do mercado e reduziu a taxa básica de juros da economia (SELIC) pela oitava vez consecutiva, em decisão unânime, foram cortados 0,75 ponto percentual, levando a Selic de 3,0% para 2,25% atingindo patamares não vistos.
A instituição ainda deixou como sinalização que o próximo encontro, que será realizado no início de agosto, poderá manter a taxa no atual patamar, ou efetuar novo corte residual, ou seja, de menor intensidade.
O que até pouco tempo atrás era considerado como sonho dos rentistas, tem se transformado em um pesadelo, a Selic sofreu no fim da tarde da quarta feira (17), mais um corte, já são oito consecutivos, trazendo a mesma para um mínima histórica. Essa decisão sinaliza que existe a intenção de praticar uma política monetária incisivamente estimulativa para apoiar a recuperação cíclica da economia, no Brasil, assim como os demais países do mundo inteiro também tem feito.
Para o Ex-presidente do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) Andre Loes, o Banco Central chegou ao fim do atual ciclo de redução da taxa de juros. Para ele, o corte foi certeiro, porém, para evitar riscos de instabilidade financeira, sobretudo na cotação do dólar, quedas adicionais vão depender de uma combinação bem mais específica”. Apostando então em uma taxa básica de 2,25% por pelo menos 1 ano.
O dólar alto é influenciado justamente pelo fato de que: a redução na taxa de juros prejudica bastante o “carry trade”, que é basicamente quando o investidor tem acesso à capital estrangeiro a taxas de juros menores e aplica esse mesmo dinheiro em países com taxas de juros mais altas – como era o caso do Brasil, ganhando a diferença de juros. Ou seja, quando esse diferencial se torna menos atrativo, acabado desfavorecendo a nossa moeda, o que leva a realidade de um dólar mais alto.
Como isso impacta os seus investimentos?
Nesse novo patamar, com uma Selic a 2,25%, o Brasil registra juro real (descontada a inflação) negativo. O site MoneYou e Infinity Asset Management indicam que com a taxa de juros nesse patamar, o juro real no brasil passou a ser de -0,78% ao ano.
Com o novo patamar da taxa de juros, um investimento com um capital de R$10 mil reais aplicados em um fundo DI, iria render em um ano, cerca de 1,86%, o que resultaria em um montante (lucro) de R$ 186 reais, descontado o imposto de renda. Se a escolha for pela poupança, os rendimentos sofrem uma deterioração maior ainda, levando o montante de rendimento para 1,27%, em um prazo de 12 meses, logo R$ 157 reais.
Esse novo patamar de taxa de juros, abaixo do padrão histórico, favorece a busca por ativos que possam proporcionar maior retorno, digamos que o caminho a renda variável torna-se quase inevitável, porém, ainda com os impactos da pandemia, é natural que incertezas ainda sejam elevadas, e a cautela seja maior.
Segundo Dennis Kac, Cio da Brainvest Wealth Mannagement no Brasil, “a renda fixa não morreu”, “mas o investidor precisa procurar um pouco melhor para encontrar boas oportunidades”. Esse cenário é justamente aparado ao fato de que, se o investidor estiver disposto a buscar ativos com maior prazo de vencimento, ainda existem investimento com prêmios atraentes.