O que começou como tendência na China começa a se espalhar pelo mundo após o início da pandemia do novo Coronavírus. O live e-commerce, tendência de mercado que deve marcar presença no Brasil após arrancar números impressionantes na China, nada mais é que a mistura do comércio eletrônico com transmissões e eventos ao vivo.
Mais de 700 milhões de pessoas compraram alguma coisa via internet no ano passado na China, um aumento de 100 milhões de pessoas em 2 anos. Com números apontando para lucros de US$ 1 trilhão com e-commerce em 2020, o país tem o maior cenário de comércio eletrônico do mundo.
Com terreno farto, novas tendências de e-commerce acabam nascendo justamente em solo chinês. Uma dessas tendências é o live e-commerce, tendência que já conta com plataformas muito populares e extremamente lucrativas.
Estima-se que mais de 560 milhões de pessoas na China terão assistindo à uma transmissão ao vivo em 2020. Compras efetuadas via live e-commerce já representam cerca de 9% de todas as compras efetuadas via varejo no país no ano passado.
Os números surpreendentes são acompanhados de plataformas gigantescas, como o Taobao Live, do Alibaba, e o Kuaishou. A ideia das companhias é juntar comércio eletrônico com entretenimento, com influencers dando dicas de compras para grandes audiências de espectadores em livestreams que podem durar de 4 a 8 horas por dia.
Se a ideia parece absurda, pense duas vezes. Segundo a Forbes, um dos influencers mais populares de live e-commerce, Jiaqi (Austin) Li, tem um patrimônio líquido de US$ 5 milhões. Diariamente, Li tem 2 milhões de visualizações em suas livestreams na Taobao Live.
Futuramente, a ideia do live e-commerce pode se espalhar para aplicativos tão populares quanto o Taobao Live. É o caso do TikTok, que possui a funcionalidade de transmissão ao vivo, mas ainda não tem uma cultura difundida do casamento entre comércio eletrônico e entretenimento.
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Na mira do varejo brasileiro
Uma gigante do varejo brasileiro já está de olho na tendência. É o caso da B2W, que anunciou uma parceria comercial com a plataforma ‘OOOOO’ de live e-commerce. Lançado no ano passado, o aplicativo já é popular entre os ingleses.
“A nova plataforma terá integração com o ecossistema completo da B2W, oferecendo a melhor experiência da internet brasileira para os usuários, e também um app especializado em social commerce, que será lançado em maio/21”, diz a nota da B2W sobre a parceria comercial.
Segundo a empresa, o acordo prevê o uso da tecnologia da plataforma da ‘OOOOO’ de forma exclusiva.
A B2W já havia anunciado o lançamento da Americanas ao Vivo, que possui a mesma proposta de juntar entretenimento com comércio eletrônico, e já teve participação de celebridades como Carla Diaz e Fernanda Gentil. Agora, a tecnologia da ‘OOOOO’ deve ser usada para aperfeiçoar a plataforma.
É difícil dizer se a febre vai pegar no Brasil da mesma forma que pegou na China. Os números, porém, indicam que o terreno também é fértil para a nova tendência.
Segundo a consultoria Nielsen/Ebit, as vendas no e-commerce brasileiro aumentaram em 41% em 2020, altamente impulsionadas pelas restrições sociais impostas para conter o avanço da pandemia no país.
Além do aumento de 30% nos pedidos via internet, o comércio eletrônico brasileiro movimentou R$ 87,4 bilhões em 2020.
Segundo a GlobalWebIndex, o número de usuários brasileiros cadastrados no TikTok, rede social de vídeos curtos e transmissões ao vivo, já passa de 7 milhões.
Os números brasileiros não mentem, e certamente existe um terreno a ser explorado pelas grandes varejistas. Com a integração da tecnologia da ‘OOOOO’ na plataforma de uma das maiores companhias brasileiras do setor, não vai demorar muito para o brasileiro desfrutar da nova tendência do mercado.
Imagem: Forbes / Reprodução