Bruno Funchal, secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, disse nesta terça-feira (01) que a crise hídrica que afeta o sudeste e centro-oeste do país pode afetar o crescimento econômico brasileiro, podendo trazer impactos ao Produto Interno Bruto (PIB) e à inflação.
A fala foi dita durante uma audiência pública no Congresso Nacional sobre medidas de enfrentamento da pandemia. O secretário substituiu o ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Claro que a gente tem riscos pela frente, essa crise hídrica é um risco, a gente não pode ignorar isso. É um risco que pode ter repercussão na reaceleração da economia e na inflação”, disse o secretário.
Mesmo com a crise hídrica, o secretário reforçou a tese da vacinação contra COVID-19 como sendo o principal pilar para a retomada econômica do país.
“Nosso desafio, o melhor instrumento, é acelerar a vacinação. Novas vacinas estão sendo contratadas, estão chegando. Todos os analistas concordam que quanto maior a velocidade da nossa vacinação, mais rápida a volta à normalidade, maior vai ser o crescimento deste ano e do ano que vem. Em termos de política econômica, esse é um dos grandes objetivos, a velocidade de vacinação”, disse o secretário à Globonews nesta quarta-feira (02).
Quanto à crise no abastecimento de energia, segundo dados do governo, os níveis nos reservatórios dos sistemas de hidroelétricas estão em 32,2%, o pior volume de água em 91 anos. A situação é ainda pior considerando as baixíssimas previsões de chuvas para as próximas semanas.
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A seca pode afetar o abastecimento de energia em todo país. Nessa semana, o Sistema Nacional de Meteorologia emitiu um alerta para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná para o período de junho a setembro.
Com o agravamento da crise e uso de termelétricas mais caras aprovadas pelo Ministério de Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já anunciou que a conta de luz deve ficar mais cara para o brasileiro, chegando ao segundo patamar da bandeira vermelha, que representa um valor adicional de R$ 6,24 a cada 100 kwh consumidos.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), pelo menos cinco estados estão sob risco de racionamento de energia elétrica: Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
Embora o governo tenha negado a possibilidade de racionamento de energia, a situação já lembra os apagões na época da presidência de Felipe Henrique Cardoso em 2001. Isso porque a depender do gerenciamento da crise, ela pode ser um fator de desgaste do governo, que tenta emplacar uma reeleição em 2022.