Após um ano de pandemia, marcado pela paralisação completa dos serviços, queda nas economias e restrição social, as duas grandes superpotências econômicas apostam nos altos estímulos ao mercado para se recuperarem.
Com amplos investimentos na infraestrutura, a China e os Estados Unidos promoveram um superciclo das commodities, alta dos preços que beneficia países como o Brasil, economias em ascensão que exportam muita matéria prima.
Nos Estados Unidos, os juros estão em baixa recorde de 0% a 0,2%, estimulando investidores enquanto o governo aprova pacotes trilionários que beneficiam diretamente a população, saúde e educação do país. O resultado disso é uma subida substancial da inflação, mas com uma economia que sustenta a alta dos preços.
Recentemente, porém, o mercado econômico global desconfia que os juros baixíssimos, que agradam a economia, podem aumentar em breve. Em junho, a inflação dos EUA ficou em 0,9%, surpreendendo especialistas.
O Federal Reserve (Fed) vem falando que os recentes efeitos inflacionários são temporários, mas faltou convencimento. Nesta semana, na Casa Branca, o presidente Joe Biden ainda reafirmou a análise do Fed.
“Nós sabemos que conforme a nossa economia se levanta novamente, nós vemos alguns preços aumentarem. Algumas pessoas alertaram para sinais de uma inflação persistente, mas não é essa nossa visão”, disse Biden na segunda-feira (19). “Nossos especialistas acreditam que os dados mostram que a alta nos preços que estamos vendo é previsível e temporária”, acrescentou.
Mesmo assim, membros do Federal Reserve já indicaram que os juros podem aumentar em 2022.
Saiba mais
PIB da China desacelera e cresce 7,9% na base anual
Enquanto isso, o dragão chinês aposta no crescimento acelerado
Na China, a preocupação quanto aos efeitos inflacionários também existe, mas as medidas do Banco do Povo da China (PBoC em inglês) vão em uma direção um pouco diferente.
O PBoC diminuiu o volume compulsório dos bancos, também chamado de RRR (reserve requirement ratio) em 0,5 p.p., efetivo em julho. O RRR é a quantidade de dinheiro que as instituições financeiras são obrigadas a terem em caixa. A redução dessa taxa deixa os bancos com mais capacidade fiscal de emprestar dinheiro, o que efetivamente estimula a economia do país.
A decisão foi considerada como uma surpresa. Na época, cogitava-se que o PIB iria decepcionar o mercado financeiro, e que a China estaria procurando outras maneiras de estimular o crescimento econômico.
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do país, porém, embora tenha ficado um pouco abaixo das expectativas, fechou em 7,9% no segundo trimestre de 2021 na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A equipe econômica da China espera que a redução também impacte positivamente a economia do país quanto às resoluções de problemas internos e externos. Além da alta de novos casos da variante Delta do novo Coronavírus, o país passa por uma guerra comercial com os Estados Unidos e uma crise de abastecimento de semicondutores.
A crise quanto às gigantes techs do país também preocupa. Diferente dos EUA, na China, as pressões regulatórias sobre companhias como o grupo Ant são muito mais severas.
A ideia do PBoC é dar uma base à economia do país caso um desses fatores se torne uma grave preocupação, especialmente em um momento de incerteza econômica global, com países recém começando a se recuperar da pandemia.
Alinhado aos planos econômicos, o país também aposta que a melhora da condição social de sua população, alinhado à uma crescente taxa de consumo doméstico, ajude a economia a ficar mais sólida.
Outra grande diferença da administração de Pequim quando comparada com Washington é que enquanto os EUA apostam em pacotes trilionários de estímulos fiscais, dando altíssima liquidez ao Dólar, a China está muito mais cautelosa.
O resultado direto disso é um Yuan que valorizou-se mais de 10% ante ao dólar desde março de 2020.
No último mês de março de 2020, 1 Yuan estava custando US$ 0,140. De acordo com os dados de hoje (21), às 13h40, 1 Yuan está custando US$ 0,154.
Foto: Reuters / Divulgação