Quem está acompanhando os preços nos supermercados, conta de luz e preço dos combustíveis em postos de gasolina, sabe: a inflação está alta.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,96% em julho, uma aceleração considerável considerando os dados do mês imediatamente anterior (0,53%).
Na soma dos últimos 12 meses, a inflação já soma 8,99%, ficando muito acima do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 5,25%, indicando que a alta dos preços caminha para um descontrole.
Diversos motivos explicam a alta nos preços, desde fatores externos como o preço dos combustíveis no mercado internacional, e internos, como a crise hídrica e a falta de resolução de problemas políticos internos.
O resultado disso é uma conta de luz mais alta, a bomba de gasolina custando mais caro e os alimentos, que já haviam subido durante o pico da pandemia de COVID-19, voltaram a preocupar os brasileiros.
Embora o IPCA indique que a inflação tenha crescido 0,96% no índice nacional, a alta dos preços atinge as classes brasileiras de maneiras diferentes. Isso porque o hábito de consumo é diferente entre as diversas classes sociais, e o impacto causado pelo aumento na conta de luz, por exemplo, costuma ser maior.
É quanto a isso que existe o Indicador de Inflação por Faixa de Renda publicado mensalmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). a principal intenção do estudo é mostrar como o impacto causado pela inflação é diferente a depender da faixa de renda do cidadão.
De acordo com a última pesquisa sobre o mês de julho, a classe que mais sofreu com a variação na inflação é a muito baixa, de renda até R$ 1.650,50 por mês. Neste caso, a inflação foi de 1,12%.
Em contrapartida, a classe social que menos sentiu o impacto causado pela inflação acumulada do ano foi a de renda alta, com ganhos acima de R$ 16.509,66. Neste caso, o aumento foi de 4,28%.
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IBGE: inflação acelera e sobe quase 1% em julho
Abaixo, acompanhe a variação da inflação para os meses de junho e julho por renda:
Renda | Jun/21 | Jul/21 |
Renda muito baixa | 0,62% | 1,12% |
Renda baixa | 0,60% | 1,07% |
Renda média-baixa | 0,55% | 1,01% |
Renda média | 0,52% | 0,89% |
Renda média-alta | 0,44% | 0,78% |
Renda alta | 0,36% | 0,88% |
“A análise da inflação, em julho, mostra que, pelo terceiro mês consecutivo, a maior contribuição à alta de preços, para as famílias de renda mais baixa, veio do grupo habitação, impactado pelo reajuste de 7,88% das tarifas de energia elétrica, refletindo a elevação do custo da bandeira vermelha nivel 2”, diz a pesquisa do Ipea.
Agora, confira a variação da inflação considerando o acumulado do ano e o acúmulo dos últimos 12 meses:
Renda | Ano | 12 meses |
Renda muito baixa | 4,80% | 10,05% |
Renda baixa | 4,94% | 9,80% |
Renda média-baixa | 5,00% | 9,59% |
Renda média | 4,92% | 8,79% |
Renda média-alta | 4,63% | 7,82% |
Renda alta | 4,28% | 7,11% |
“Na comparação com o mesmo período do ano passado, observa-se que, mais uma vez, a inflação em 2021 ficou bem acima da registrada em 2020, para todas as classes de renda pesquisadas. De uma maneira geral, a alta inflacionária em 2021 decorre da piora no comportamento de sete dos nove grupos de bens e serviços que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)”, diz a pesquisa.