Para tentar suprir a demanda de energia elétrica e evitar possíveis apagões e racionamento compulsório, o governo deve lançar um programa que recompensará o consumidor que economizar no consumo. O anúncio foi feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) juntamente ao Ministério de Minas e Energia (MME) nesta terça-feira (31).
Em um pronunciamento para a rede nacional de televisão e rádio, o ministro do MME, Bento Albuquerque, pediu para que a população, indústria e comércio economizem o consumo através do aproveitamento da luz natural, desligamento de aparelhos eletrônicos que não estão sendo usados, e redução de uso de aparelhos como o chuveiro elétrico e a máquina de passar roupa.
“Nós trabalhamos para ter a oferta suficiente para a demanda de todas as unidades consumidoras no país. Estamos presenciando a maior seca que o país, o Brasil, já passou. E isso com reflexos na capacidade dos nossos reservatórios das usinas hidrelétricas”, disse o ministro no pronunciamento.
Segundo o governo, o desconto previsto pelo programa é de R$ 50 para cada 100 kWh economizados. Para ser elegível, o consumidor terá de reduzir o consumo em pelo menos 10% na comparação anual. O desconto anunciado vai até no máximo 20%.
O programa de descontos do governo deve custar R$ 339 milhões aos cofres públicos por mês, a serem bancados por uma taxa específica nas contas de luz pagas por todos os brasileiros, chamada de Encargos de Serviço do Sistema (ESS).
O MME chegou a cogitar a abertura de crédito especial para o financiamento do programa, mas a ideia não passou do Ministério da Economia.
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A crise hídrica que assola o Sudeste e Centro-oeste do país é um ponto de extrema preocupação para o governo, que sente que a crise pode afetar o crescimento econômico do país, além de causar mais pressões à inflação brasileira.
De acordo com dados do IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos últimos meses está sendo pressionado pela alta na energia elétrica e pelos combustíveis nas refinarias. No mês de julho, a energia elétrica subiu 7,88%, causando o maior impacto (0,35 p.p.) na inflação do mês, que ficou em 0,96%.
Em setembro, o impacto gerado pela conta da energia deve ser ainda maior. A Aneel divulgou ontem (31) que fará um reajuste na bandeira tarifária nível 2 que entrará em vigor a partir de hoje. A sobretaxa da bandeira nível 2 sofrerá um aumento de 49,6%, indo a R$ 14,20 para cada 100 KWh.
Para tentar suprir a demanda por energia, o governo aprovou a ativação de usinas termelétricas, que são mais caras que as usinas hidrelétricas, principal fonte da matriz energética do país.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), porém, a atual geração de energia elétrica será insuficiente a partir de outubro. Segundo o órgão, é “imprescindível” que a oferta suba em pelo menos 5,5 GW. Neste caso, o órgão defende a ativação de mais usinas termelétricas, além da importação.